terça-feira, 25 de setembro de 2012

Meu pé de tamarindo ... Eta saudade doída ... quem não tem nada pra dar , um abraço é o melhor presente. Tamarindo morre em Blumenau.


                                   O meu pé de tamarindo



Agora não havia mais solução alguma, a decisão fora tomada... A mudança estava embalada e o caminhão na porta... os caras entravam e saiam da minha casa... carregando tudo.

Num canto da sala eu, Luiz, Joanita  e Cristina abraçados, estávamos mudos...  Já não haviam mais lágrimas, porque gastáramos todo o cartucho na noite anterior... caminhando pela casa... pelo quintal despedindo-nos de tudo.

 Lembrei-me, que faltava me despedir do meu pé da tamarindo...

Digo meu porque quando gostamos de algo, o sentimento de posse , se apodera da nossa mente...e, aquilo passa a ser nosso.

Embora eu não o tenha plantado...  me apossara dele...  quantas  casinhas em seus galhos construímos...  quantas  redes em seus ramos, quase chegando ao chão ... quantos piqueniques em baixo de sua sombra..e até no dia em que quase uma cobra me mordia, mesmo assim no outro dia, lá estava eu lá, embaixo da árvore , conversando com ele... Sim!

Quando não temos com quem conversar ,  abraçamos uma árvore e confidenciamos nossa dor...  embora , ainda não tivesse muita coisa a confessar, nem havia sofrido as dores do mundo... nesse dia, eu tinha uma dor forte dentro de mim...

Ainda não sabia medir a intensidade dela, embora, confesso entre nós bem baixinho, não aprendi ainda, a fazer isso.

Talvez seja por que a matemática não era, e nunca foi, a minha matéria favorita... estudava-a para passar  somente... e certamente se mal a sabia, muito menos iria conseguir trabalhar a análise combinatória ou a analítica. Ahh – mas meus sentimentos eram reais, havia a dor...

E, quando se sente dor – dói tudo, dentro de nós. O peito é o primeiro a doer... depois o estômago, o fígado , enfim tudo o que pulsa dói... até respirar dói.

Minha tia contava que a Leonor, uma afilhada sua, foi abandonada de véu e grinalda, na porta da Igreja pelo José de Ribamar – moço que trabalhava nas obras da estrada, já a bem mais de 2 anos, e morava na pensão, onde a pobrezinha trabalhava... pois  nesse ínterim, de morar lá, almoçar e jantar , etc... iludiu a moça, e creu...  dá pra imaginar o que sucedeu-se... pois  bem , seu pai foi tirar satisfação com o tal homem da estrada, e ele muito cínico resolveu que casaria, mas alguém avisou pra esposa dele, lá em São Luis do Maranhão que veio com os 5 filhos, até a minha cidade... e ficou espreitando ele, do alto da escada da igreja, quando ele a viu, montou num cavalo, o primeiro que viu amarrado, e desapareceu... e, deste dia em diante, ninguém ouviu falar mais dele , e, quanto a Lindinalva Leonor...  que estava grávida de 4 meses...  só  foi ter o filho, morrendo de parto, na mesma hora...  deixando  a criança órfã de pai de mãe...

Aos cuidados dos  avós  , que inconformados, ainda esperam encontrar o tal camarada, e lhe fazer pagar o prejuízo que fez em sua única filha-mulher.

Essa história servia , apenas para ensinar...  que tristeza mata!

E de morte feia...lenta , desregrada ...  dependendo  de qual seja a dor.

A história servia para exemplo de todas nós, e era contada, desde a escola, igrejas católicas e protestante, rodas de fumo e de cachaça...etc.

Tinha gente que inventava outras pra confirmava... e dizia: moça que não se honra, tristeza e desarmonia aos seus dias  ela soma.

Mas como deixar que a tristeza não nos invadíssemos? Olhei alguns minutos para o pé de tamarindo, e percebi que do seu tronco rolava uma seiva fina, que toquei e pus na boca conseguindo achar que era salgada!!!

Nessa hora do seu galho mais alto, desprendeu-se um fruto do tamarindo, quase de vez...  peguei -o e pus dentro do bolso da bermuda... embrulhado num lenço que minha madrinha Nina me dera... a outra madrinha me deu uma boneca... o padre Vítor um livro (cristão) sobre o sofrimento de Jesus
E mais alguns presentinhos e desenhos de meus colegas de turma que nada tinham a dar... a não ser um abraço, e um chorar de junto.

Soneide,  era minha melhor amiga...  essa não conseguiu vir, seu irmão que estava lá na porta do casarão, veio dar um abraço a meu irmão e a Joanita, e disse na última hora que era apaixonado por ela... mas ainda era um estudante de oitava série, e tinha apenas 16 anos, por isso nunca se atreveu dizer-lhe antes.

Me  entregou a carta perfumada que sua irmã pedira, e a Joanita  um lenço que trazia em seu bolso também perfumado de Lancaster.

A Cristina abraçada ao seu namorado, prometia-lhe fidelidade, e que se encontrariam em breve... e, se ela não conseguisse nada pelo Rio de janeiro, estaria de volta no fim do outro ano.

O  restante já citei em postagem mais antiga.

Abracei o tronco da árvore que generoso me acolheu... desprendendo um doce cheiro da fruta, que ainda meninas, balançavam-se nos raminhos... como a me dizer adeus!!!



                                        Sobre a árvore

      O tamarineiro tem sido utilizado com finalidades alimentícias, medicinais e industriais.   É usada na Índia, como árvore de sombra, na ornamentação de parques, jardins e avenidas.   A casca tem propriedades adstringentes, tônicas e antitérmicas; em decocção é usada em casos de gengivites, asma e inflamação dos olhos; loção e cataplasmas da casca da árvore são aplicadas na cicatrização de feridas. Acredita-se que a infusão de raízes tem valor curativo em doenças torácicas e é um ingrediente nas prescrições contra a lepra. 
              As folhas e as flores jovens são comestíveis. Tem agradável sabor e são empregadas em saladas, sopas e condimentos. As flores são melíferas. As folhas possuem vários usos medicamentosos; na forma de loção e extratos são usadas como diuréticos; no tratamento de conjuntivite, como anti-sépticos, analgésicos, vermífugos, e nos tratamentos de disenteria, icterícia e hemorróidas. As cinzas das cascas das vagens são usadas com substâncias alcalinas em fórmulas medicinais e contra indigestão e cólicas. 
               Com a polpa pode-se fazer doces, refrescos, xaropes, sorvetes, licores, geléias, etc. É também utilizada como ingredientes em condimentos e molhos. Podemos citar vários usos medicinais da polpa do tamarineiro, tais como: antifebril, laxativo, carminativo, digestivo, colagogo, antiescorbútico. Na "medicina popular", a polpa é utilizada contra inflamação na forma de gargarejo para afecções da garganta e, misturada com sal é usada como linimento para reumatismo; é também administrada para aliviar insolação e intoxicação alcóolica. Também é usada como um fixador com açafroa ou urucum em corantes e serve para coagular o látex da borracha. Ainda, misturada com água do mar, limpa cobre, prata e latão. Alguns pesquisadores propuseram a utilização da polpa do tamarindo para a produção industrial de ácido tartárico, pectina e álcool.
               As sementes de tamarindo cozidas ou fritas após a remoção do tegumento, são utilizadas como alimento pela população pobre da Índia. As proteínas da semente são de alto valor biológico, comparável com as proteínas de vários outros cereais.
                Os polissacarídios presentes nas sementes têm várias aplicações industriais tais como, melhoramento da textura de geléia, estabilização de sorvetes, maioneses e queijos; ingrediente ou agente ativo de vários produtos farmacêuticos (cosméticos, emulcificantes de óleos essenciais, desidratante na fabricação de produtos em pó) e plásticos. Na Índia, 3 mil toneladas são utilizadas anualmente na indústria de juta e algodão para engomamento  dos fios, em substituição ao amido de milho de forma mais eficiente e mais econômica. 
               De acordo com a medicina Yunani, as sementes são adstringentes, afrodisíacas e anti-helmínticas. O tegumento das sementes é usado contra a diarréia crônica. Apesar de ser a mais ácida das frutas, o tamarindo também é a mais doce delas. 
  
  



                         Apareça outras vezes ... para outras prosas. 





                           
                                    Tenha um Boa noite.

Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente. Henfil                                                                                                                                   



                                                                                   Besosss...
Aos que moram em outras partes, e se fazem aqui... matando a saudade das coisas da nossa terra!! e dessa pátria que sempre nos acolherá.... Muito Obrigadu!!!.

Brasil
237
Estados Unidos
32
Alemanha
10
Portugal
10
Ucrânia
8
Suíça
4
Reino Unido
2
Rússia
2
França
1





















                 
Referências:

http://www.frutiferas.com.br/htm/tamarindo.htm

http://www.bemsul.com/sc/blumenau/2011-morre-arvore-do-tamarindo-em-blumenau/

3 comentários:

  1. Alicinha, sei como dói partir, principalmente quando fincamos raízes profundas em cada lugar.
    Foi assim minha vida inteira. Fomos ficando um pouquinho aqui, outro pouquinho ali, e foi uma infância inteira com minha família mudando de cidade em cidade.
    Relembro que, quando começávamos a fazer nossas amizades, tava na hora de partir.
    E essa coisa de romper laços emocionais era mais doído nos primeiro filhos, que sentiam bem mais, pois os vínculos eram maiores.
    As duas irmãs mais velhas, que já namoravam, ficavam desesperadas quando o telegrama do correio chegada comunicando uma nova partida.
    Até meus 12 anos, já havíamos vivido em cinco municípios diferentes, até que finalmente chegamos na capital do RN, no final do ano de 1971.
    Já crescido, parece que peguei gosto e comecei a percorrer outras cidades. Assim morei em Guaratinguetá, Recife e São José dos Campos.
    Meu irmão João escreveu um livro com o registro de nossas memórias (dos nove irmãos).
    Dá gosto de ler o que cada um recordava de cada casa, principalmente a de número 50, essa foi a que marcou mais.
    As lembranças gostosas vividas em torno de um querido tamarineiro também são inesquecíveis.
    Como bem você reportou, a gostosa sombra, as rodas de conversas, o pendurar das redes, enfim, tantas memórias ficaram penduradas nas paredes do tempo.
    Que gostoso é recordar!
    Parabéns pelo belo texto, Alicinha.
    Seu amigo, José Maria Cavalcanti
    visite o meu cantinho:
    www.bollog.com.br

    ResponderExcluir

  2. José ...

    O bom é que com o tempo, aprendemos a recordar somente...sem tristezas... hoje alcançamos esse limiar...e fica mais fácil escrever sobre tudo isso!
    Embora o coração desacelere um pouco, a respiração se torne mais lenta...e sei que, se olharmos nossa face no espelho ela refletirá uma gota de saudade que ficou no arquivo, e que, certamente doerá um pouco! Normal...

    E esqueci de falar, que a fruta do tamarino - é uma delícia..
    Ahhh quem já provou nunca esqueceu!!

    Obrigada pela leitura e comentário.. Abçss...

    ResponderExcluir
  3. Como é bom ler suas aventuras de alegria ou de tristezas, s palavras que tu utilizas para descrever seus contos e saber que elas fazem parte de você. Eu nunca tinha visto um pé de tamarindo, conheci só o suco que tomei em Cuiabá, achei delicioso. Uma árvore linda!!
    Beijos, amada!!!

    ResponderExcluir


Obrigada pela presença, caso queira deixe seu comentário.

Até a próxima postagem! ABRAÇOS FRATERNOS ...

A vida segue seu fluxo ... Nada muda sem que você não permita!

A vida segue seu fluxo ... Nada muda sem que você não permita!
Que lugar é esse ? One club of The chess... greast ...