Recordar faz bem , como faz.

Era uma noite de sexta-feira,  acabavamos de chegar da aula, Rita, Rogéria e eu, e, ao nos aproximarmos da casa delas, ainda do lado de fora,na rua sentimos um odor agradável de madeira do Oriente com sândalo, que já era um cheiro conhecido, pois a Dorinha (mãe de Rita), costumava perfumar a casa após dar faxina, o que ela chamava de " esterilizar " a casa, juntamente com algumas gotinhas de amônia.


    O odor extrapolava as imediações e derredores do local... e há alguns metros, era possível sentir o perfume que exalava em nossas narinas enebriadas por algo que parecia vir de outra esfera... além dos nossos sentidos.


   Calmamente ao sentirmos o odor , fazíamos as nossas visualizações de preces, silenciosamente, mansamente, como se tivessemos embaladas pela atmosfera que vinha lá de dentro.


   A dona Dorinha - era uma pessoa transparente, vivia além do seu tempo, aceitava as diferenças, e todos àqueles que aproximavam-se dela, recebiam alguma coisa; uma palavra . um conselho; uma prece; um Bom dia ; e assim ia.  


   Uma vez me falou:
Teu pai manda te dizer que está muito feliz e agradecido pela homenagem que você fez a ele, ao colocar o nome do neto o seu: Gunter Baruch, avisa ainda que a sua jornada , não vai ser fácil, mas que não percas a fé em Deus, e que ele de onde estiver, enviará fluídos Cósmicos , e estará velando aos Anjos que os protejam.


   Nossa! Nem precisa dizer que a gente se arrepiava ao ouvir isso. 
  
    Dorinha, cultuava os seres ditos "de luz" - contava-nos a história dos seres de Capela, e de como a Terra fora povoada. 


   Nada ficava sem sua opinião. 


   Era mulher de opiniões fortes/seguras, e bem esclarecidas.


   Tinha como meta o crescimento espiritual.

   E não sei como: era mestra em desvendar os olhares das pessoas, dizia exatamente o que a pessoa queria com a gente, quais os sentimentos (se bons ou ruins) , e quais as intenções ao se aproximar, e de repente a pessoa falava a que tinha vindo , o que queria dela... 
JURO!! Era por ai ...


   Um dia me descobri grávida, e como não tinha a quem contar naquele momento fui até sua casa, ainda ressabiada e, com medo do futuro, fazia a Faculdade de Enfermagem - último ano, mas mesmo assim a notícia me causara pânico.


   Por motivos particulares não posso falar quais, me eximo de dar mais detalhes!!


   Enfim, fui dar a notícia - e, alguns minutos depois , que cheguei, percebi um alvoroço na casa; cigarilhas, taças de vinho tinto, incensos, perfumes ,rosas vermelhas, brancas, espalhadas nos vasos, colhidas da vizinha, Efigênia, que cultivava algumas roseiras,em seu jardim... especialmente para essas ocasiões, dizia ela que por orientação de Sara de Kali, e, que depois que passou a plantá-las nunca mais se viu em dificuldades financeiras, muito menos sentimentais.


Ela deixava a chave do portão lá, caso houvesse a necessidade de buscar rosas, e ela não estivesse em casa, - porque trabalhava num grande hospital como técnica de Enfermagem, e sua vida atribulada a fazia ir de um local de trabalho a outro, dormindo nos plantões para manter a casa.

  Ela, a Dora, me chamou com um sorriso no olhar e disse:
  
  Trazes novidades?


  Sim, trago. Respondi sem graça, e sem retribuir o sorriso!


  Se trazes... por que não estás sorrindo?


  Porque esse olhar de peixe que acabou  de cair na rede? se carregas um fruto do seu amor!!!


  Vem me dar um abraço, e sorrias... 


  As bençãos chegarão pra ti de agora em diante, com a permissão de Nosso Pai, Deus Eterno.


  E, aquele dia foi um dia de festas... e de alegrias.... onde dançamos e cantamos embaladas na música dos ciganos. 


  Além de bebermos à vontade de um vinho guardado para ocasiões como estas!!











A dona Dorinha -tinha por esse povo verdadeiro respeito e admiração, e no fundo se achava um deles... pois sabia desvendar os mistérios da vida... e colocava cartas de um baralho todo ilustrado, e na maioria da vezes previa o que ainda estaria por acontecer , com uma capacidade incrível de acertos..!





 

   Lembro-me agora que outra vezes , chegávamos  por lá morrendo de dor de cabeça, ou de cólicas " daqueles dias " ... e, a víamos abrir um vidro de não sei o que - e mandar que cheirassemos a essência, e tomar um chá de rosas brancas ficar quieta de olhos fechados por alguns minutos, sem falar com ninguém , mentalizando na cura.... e quase sempre após esses preciosos minutos, a dor ia embora, e podíamos sorver uma taça de vinho, ou de chamapgne, pois nunca um amigo , saia daquela casa sem uma iguaria deliciosa ou uma taça de bebida doce.... ou um pedaço de bolo de milho, um bom café forte e uma palavra amiga, para ampliar sua mente e encorajá-los!   


 E uma receitinha útil para as horas do sufoco!  rsss ...

Hortelã - Para favorecer a digestão
Prepare um chá em infusão usando 2 gramas de folhas secas para 100 ml de água fervente.Tome uma xícara após as refeições.

Chá de hortelã tira o apetite exagerado
Você sabia? Esse chazinho é bom para o estômago e tira a fome.

Óleo de hortelã para massagem
Folhas e flores de hortelã
Azeite
Pegue um punhado de flores e folhas de hortelã e amasse.Então mergulhe a erva em azeite por 4 dias.Uso externo em massagens.

Guaraná - Estimulante geral e dores de cabeça
O guaraná dá um excelente refresco, mas seu uso medicinal é destacado como um ótimo estimulante geral e empregado nas dores de cabeça.
Como preparar:
3 gramas de guaraná em pó
1 copo de água fria
Deixar em repouso por algumas horas.Filtrar e tomar.

Receita para revigorar o cérebro e a memória
1 colher de anis
1 colher de alecrim
1 colher de sálvia
2 copos de água fervendo

Coloque as ervas em vasilha de louça ou vidro, cubra com água fervendo e deixe até amornar. Tome no período da manhã, duas horas após a primera refeição.

(Alvarina Nunes- Mil e um segredos de química)




   Para cada enfermidade , ela tinha uma receita, e depois dizia: amanhã vá a um médico, acredite na cura, mas não deixe restícios para a doença se alojar!!!


  Precisa de maior eloquência por parte de uma pessoa?


   
 



   E assim, ali naquele local, para nós os frequentadores - era como um santuário uma égregora...


  Uma pequena casa , simples, porém cheia de luz e de amor... o sincretismo se fazia presente, e nos fazia questionar:


 A que viemos ao mundo? se, não for para apenas amarmos uns aos outros... praticar o bem ... não matar ... não roubar ... não jurar falsos testumunhos ...desejar o bem ao próximo e amá-lo, como amas a ti mesmo ... respeitar os pais, e praticar os mandamentos de Cristo... 


  O que percebíamos, após as orações, que estávamos repetindo as palavras que Jesus Cristo nos ensinara - tão somente!!! e após isso, nos tornávamos mais conscientes de nosso papel com seres de luz, encarnados num corpo, vivendo uma aventura carnal.


  Assim foram aqueles dias da minha juventude.


  Radiantes... difíceis...  dias de regozijos... dias calientes ... dias de plantar sementes do bem ... dias de cultuar o amor e o sagrado em que fomos ensinados por Jesus... e por sua mãe Maria e também de Santa Sara de Kali.


  Aqueles dias eram, dias de esperança.... de choro ... de lágrimas de agradecimento... dias de fazer faxina e assar pães para dar aos pobres... de tomar champagne e vinhos... chás e sucos, misturados com ciência e consciência ... 


Dias de ouvir sermões e aprender sobre o Cosmos, as esferas celestiais e hostes.


 Dias de dar graças a Deus e aos povos de ontem.... e do além.


 De abraços apertados/fraternos/ abração... e de reunir os amigos.


  Tudo fluía.. como se o amanhã que estaria adiante,a vir, já o soubéssemos por antecipação como seria, com a graça divina.


  Tinhamos a permissão para sermos felizes, a qualquer prova!.


  E embalávamos nossas crianças no amor puro de Maria- a mãe do Criador.

.

Por isso que ainda hoje , recordo-me desse tempo com muito carinho pelo que pude crescer à pártir daquela convivência... irradiada de amor uns pelos outros.


É esse amor que tento cultivar!!! aprendendo a cada novo dia a melhor maneira...
             
Dora ... Dorinha... Minha eterna amiga!!
                               .......................
                    


Postagem dedicada à Maria - Rainha dos Anjos e à Santa Sara .... e também a todas as mães : vivas ou não.. presentes ou ausentes ... presas ou em condicional... casadas ou solteiras... viúvas...largadas. 


Mães, de filhos naturais... e também dos adotivos... mães dos filhos que já morreram... mas permanecerão vivos em suas memórias... 


Mães sadias, e mães doentes...mães idosas e as novinhas... mães exiladas , e mães reclusas... mães negras famintas , mas que conseguem alimentar seus rebentos... mães que tiveram que trabalhar em países estrangeiros , e não poderão passar o Dia das mães com seus filhos... 


Enfim também a minha mãe Blandina, à Dorinha (minha outra mãe), à joanita (minha segunda mãe)...


À dona Jovenina  Cruz Carinhanha, que tenho hoje também como a uma mãe, à dona Irene Kamada , avó de meu filho, e também que poderia ocupar plenamente o posto de mãe!! 


Às mães que tenho na minha família... à mãe de quem aqui é chegada ...


E a mim também que sou mãe do Herbert Gunter Baruch Mitsuaki Numata.

               

               Deixo-os com o perfume do sândalo e da madeira do Oriente...  
                                         Namaistê




Postado por Alice Baruch- baruchess@gmail.com


Sempre ficará o odor das rosas nas mãos de quem as oferecem.

               Obrigada e apareça sempre que quiser.