Parte 1
Olho da rua , a casa onde morava.
Não tinha muros altos muito menos laranjais.... mas haviam tamarineiros, mangueiras, cajueiro, coqueiros, bananeiras...
Além do mais era aconchegante demais:tinha uma lareira na sala ... grandes janelas e portas altas azuis. também não tinha muro na frente dela , como as nossas têm... para nos protegermos dos ladrões... Segurança "pseudo" , que a cidade nos obriga a ter.
A sala era na rua praticamente e a porta ficava mais aberta do que fechada.
Os amigos gritavam:
Ôh de casa ... e antes mesmo de aguardar a resposta já estavam dentro.
O cheiro forte do café ia à rua- por isso chegavam gente.
Dona Dina detestava esse hábito, e vivia a reclamar: Num sei o que se passa na cabeça desse povo!!
Não podem ver uma porta aberta e se emboletam pra dentro da casa dos outros!!
Que merda!!!
Da janela da frente, se via a Praça XV de Novembro e a Igreja Matriz de Santo Antonio do Urubu; dizia a lenda que a estátua de Santo Antonio apareceu numa gruta próxima à beira do Rio são Francisco e um urubu Rei a protegia, não deixando ninguém se aproximar dela; só um Padre conseguiu resgatá-la porque o animal a menor aproximação, e tentativa de resgate da estátua, dava sinal as demais aves e faziam um escarcéu danado... dando bicadas nas pessoas que tentavam levá-la.
Quando chegou um padre (negro) com batina negra e retirou a estátua de cima da pedra, sem que a ave fizesse qualquer barulho , ou manifestação de proibição... essa história, quando contada provocava risos nas pessoas que chacoalhavam que o urubu só deixou o Padre a retirar porque "era crioulo" hoje afro descendente.
E riam sem motivos... riam os homens mostrando um pedaço de fumo de rolo nos dentes...com a aguardente nos pés ao lado da cadeira de palha.
A estátua ganhou um altar mais elegante e mais alto que tinha na Matriz, adornado de ouro em volta.
E, acredita-se que por isso, a cidade levou esse nome de Santo Antonio do Urubu, durante muito tempo, depois mudando de nome para Paratinga.
Interior da Igreja Matriz - com seus adornos - muito bem conservada
Outra imagem perto da sacristia - denotando o carinho e o respeito das pessoas pelo Santo.
A Bahia deve ser a capital da Fé no Brasil - não tirando o mérito de outras localidades como Belém , mas a devoção dos baianos pela religião é um marco de suas características...
O legal é que as novas gerações aprendem muito das histórias da terra , tanto nas escolas quanto na sabedoria dos mais velhos.
E participam da vida folclórica e dos rituais locais, com muita alegria,e devoção.
SÃO JOÃO MENINO ... PRIMO DE JESUS CRISTO - ROGAI A DEUS POR NÓS.
http://meuvelhochico.blogspot.com.br/2010_08_01_archive.html
Como estavamos já em cima das festividades de Junho - não resistíamos a emendar mais um pouco a passagem por lá.
Afinal a fama de Santo casamenteiro era grande e todas as moças, que quisessem se casar realizavam esse ou aquele ritual pro santo.. "as simpatias".casamenteiras.
Era o chamado sincretismo religioso - onde a mistura das raças e credos levavam à diversificação dos mitos e rituais religiosos , tão comum em nossa terra.
As festividades duravam por todo o mês de Junho, e a alegria contagiava qualquer um - independente de idade ou religião.
A Filarmônica local organizara músicas como as de Luiz Gonzaga - e outras especialmente para o evento.
E os moradores se divertiam e, dançavam o mês todo!!!como não se empolgar com esse som???
"Eu pedi em oração ao querido São João que me desse um matrimônio..."
E Luiz Gonzaga era o Rei do pedaço(merecidamente)...com sua sanfona de fole!... sem igual!!
Continua... Logo mais... Boa tarde !!
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