Inexiste uma pessoa que quando criança não pediu à mãe ou avó , ou outra pessoa maior do que ela, que lhe contasse uma história antes de dormir.
Não pesquisei ainda sobre isso, mas acho que o imaginário infantil, necessita, e como desse recurso, e quantos adultos ainda precisem desse recurso até hoje?.
Me lembro que me contavam histórias de mula sem cabeça...pra dormir, era um terror, e na maioria das vezes , a criançada fazia xixi na cama, só de medo de levantar-se para ir ao banheiro.
No interior, e todos sabem que fui de um, os casos eram contados na porta da rua, que era pra todo mundo tomar ciência, e quem contasse mais e melhores casos, era ouvido por quem passava pela porta... pois como não tínhamos televisão, o que sobrava para depois do jantar, era ir pra rua mesmo.
Colocávamos as cadeiras na calçada, e até tarde conversavam os adultos, enquanto os pirralhos, brincavam na praça em frente, ou mesmo até a calçada do vizinho.
Mas sem que nenhuma das crianças deixassem de serem observadas por olhos atentos e aguçados, dos mais velhos.
E, quando o mais prosador, aparecia, era ovacionado pelos demais, e convidado para um dedim de prosa.
Lembro-me que minha mãe, também colecionava seus "causos", gostava muito de falar de sua tia Maria mineira, que era pão dura, e guardava dinheiro em baixo do colchão, ou dentro dos santos.
Ai ficávamos com uma tremenda pulga atrás da orelha:
1-Quanto ela teria dentro do santo?
2-Qual seria o santo que tinha mais dinheiro?
3-Aonde guardaria este santo para que ninguém achasse
a grana?
4-Como gastaria esse dinheiro? Já que ela não viajava, nem comprava artigos de luxo para si mesma, nem para seus sobrinhos pobretões.
5-O que passava pela cabeça da tal tia, que nem marido tinha, por que resolvera que ninguém poderia assumir o lugar de um tal caixeiro, por quem planejou fugir de cavalo, e o moço, depois de levar seu bem precioso, nunca mais dera a cara pelas redondezas;
6-E quem era um certo Wadinho que era um hospede com privilégios especiais? teria a tia alguma coisa com aquele forasteiro depois de quase 30 anos do ocorrido?
As nossas cabeças, de meninos curiosos, fervilhavam de tantos questionamentos, mas da pensão de tia mineira, na verdade já não restava nem partes.
Diz-se por aquelas bandas que ela fora assassinada, numa noite, em que não haviam mais hóspedes na casa.
Justamente na noite, em que resolveu que dispensaria os empregados no dia seguinte.
No domingo de Ramos, e que seu corpo só foi encontrado na segunda feira já arroxeado. E os santos todos estavam quebrados, ou alguns deles haviam sido levados.
A pensão passara para as mãos de um certo fazendeiro, malvisto pelas redondezas, que apresentou notas promissórias, aquelas de papel do Tesouro Nacional amareladas, assinadas por ela de dívidas pra com ele.
A assinatura, segundo o juíz de direito da cidade, era dela mesma.
Mas ai toda a cidade, tornou-se detetive:
Pra que Maria queria tanto mais dinheiro, a ponto de fazer empréstimos, e colocar seu casarão como aval?
Aonde haveria usado aquela verba,se a pensão estava toda novinha, e há muito tempo, não vira obra alguma??
Quem era o tal forasteiro, que ela andava enrabichada?
Foram criadas diligências para encontrar o tal moço, mas não havia nenhuma pista, nenhuma foto.
Alguém chegou a comentar, que ele fugia das máquinas de fotografar, como o diabo fugia da cruz, que na festa de Sto Antonio, aonde era comum todo mundo ter uma foto com o andor, ele largou o mesmo, que quase derrubou o santo, quando o fotografo se aproximou.
Deixando para traz minha tia, que organizara a festa, e as dezenas de moças casamenteiras do local.
Ouvi minha madrinha dizer: que nunca fora com a cara dele, e que havia alertado a amiga, para não dar bola, pra rapaz de fora, de outras terras, mas a Maria mineira nunca ouvira ninguém.
A mãe dela, percebíamos , era quem mais dor passava,por que viera de Góias com as três filhas,ainda pequenas numa carroça, pra essas terras estranhas, atrás de uma tia sua, depois do marido ter morrido de tuberculose, e sua família, mandá-la embora atras de seus parentes, por que ela não poderia ficar por ali.
Revendo isso, nem faço idéia dos sofrimentos daquela moça. Por nome de Ana Rodrigues d' Almeida,natural de Goias, muda de nascença, e numa terra estranha com três crianças.
Veio ser lavadeira da cunhada, e por ali ficara, até que as filhas tivessem oportunidade de viver dignamente.
A mais velha era exímia costureira,e confeccionava rendas de bilros, que mais se assemelhava as francesas, que as moças ricas usavam.
A do meio, era alta, cabelos longos, lábios bem feitos, e veio a se casar com o marceneiro e sacristão sr. Laudelino, o meu avô materno, e a mais nova, de nome Maria Amélia, caiu nas graças do padrinho, e herdou o casarão deste ao morrer.
Diziam até as más línguas que ele ... (esquece).
Mas o que estava em questão por ali, era aquele assassinato.
Frio, impávido, inconsequentemente cruel!
Até hoje quando alguém passa pela rua, e pergunta sobre a história do casarão amarelo e verde, da esquina da Manuel Novaes, ouvirá que ali fora a melhor pensão que Paratinga já teve, e pertenceu a Maria mineira, mulher brava, que caiu nas lábias de um sedutor forasteiro!
Em tempos:Paratinga
Igreja de Santo Antonio, ao lado da casa de meu avô...é virada para o lado do rio São Francisco, por que as embarcações, em épocas das cheias, vinham até a cidade e ancoravam nesse pátio!
Município do Vale São-Franciscano da Bahia, de clima semi-árido com predomínio da vegetação de caatinga e que em 2004 tinha 29.474 habitantes. Um dado interessante sobre a cidade é o registro da maior temperatura no Brasil, exatamente 45,7 º.
O município foi criado em 1745.
Era a maior cidade de sua micro-região, suas terras se estendiam por onde hoje é Bom Jesus da Lapa, Ibotirama, Macaúbas, dentre outras dezessete cidades do oeste baiano.
Cidade de história e cultura muito rica, até hoje preservam-se casas com características barrocas. Sua população é, atualmente, estimada em 30 230 habitantes.
A caatinga é a vegetação predominante.
Paratinga tem pontos turísticos como as Águas Termais do Paulista e do Brejo das Moças, com piscinas naturais de água termo-mineral, além da Gruta da Lapinha, com desenhos rupestres ainda conservados e com potencial turístico a ser explorado.
Possui a maior ilha fluvial do Rio São Francisco, denominada de Ilha de Paratinga. O município é banhado pelo Rio São Francisco e, em toda sua extensão, possui belas praias e recantos ribeirinhos onde se tem a prática da pesca esportiva.
[editar]Histórico
Em 1745, o povoado formado a partir da fazenda de gado denominada Santo Antônio do Urubu de Cima foi emancipado, promovido à categoria de vila. No ano de 1827 limitava-se, ao norte, com a Vila de Pilão Arcado; ao Sul com o estado de Minas Gerais; a oeste, com Barra do Rio Grande e Campo Largo; a leste, com Vila de Santo Antônio da Jacobina, Rio de Contas e a Vila Nova do Príncipe e Santana de Caetité.[7]
Em 2 de maio de 1835, foi criada a Comarca do Urubu, com objetivo de levar o poder do governo imperial à região.
Em 25 de junho de 1897, a sede foi elevada à categoria de cidade, com o nome de Cidade do Urubu. Em 29 de maio de 1943, o nome do município foi alterado para Rio Branco. Em 31 de dezembro de 1943, o nome da cidade sofreu nova alteração, passando a se chamar Paratinga.
http://br.search.yahoo.com/search?fr=mcafee&type=A211BR885&p=Pratinga+Bahia
Imagens:
http://palavrasdoimaginario.blogspot.com.br/2009/01/arte-de-contar.html
http://reginapsicopedagoga.blogspot.com.br/2011/04/importancia-do-contar-historias-na.html
"No sentido da língua, particularmente, as histórias:
· enriquecem a experiência;
· desenvolvem a capacidade de dar sequência lógica aos fatos;
· dão o sentido da ordem;
· esclarecem o pensamento;
· educam a atenção;
· desenvolve o gosto literário;
· fixam e ampliam o vocabulário;
· estimulam o interesse pela leitura;
· desenvolvem a linguagem oral e escrita;"
As histórias da infância carregamos em nossa alma até o fim de nossas vidas.
ResponderExcluirRecordo de tudo que escutava e do que lia nos primeiros anos da infância.
Tais histórias irão povoar nossas mentes e darão suporte em muitos momentos.
Vivi também em cidades pequenas do interior do Nordeste. Os cenários, os sons e os cheiros de tais lugares ainda posso revivê-los dentro de mim.
Como diria Casimiro de Abreu (MEUS OITO ANOS): "Oh, que saudade que tenho/Da aurora da minha vida/Da minha infância querida...".
Viva a infância!
Abraços: José Maria Cavalcanti
www.bollog.com.br
Bravo.
ResponderExcluirEscutei minha mãe cantando isso diversas vezes.
A saudade rasga a memória, e é benfazeja!!
O mais importante, é registrar essa saudade, e deixá-la viva, para que todos saibam que temos gratidão pelo passado, e história familiar!!
Obgadu pela presença!!! Namastê!!!