Era dia de festa na cidade de Paratinga... a Orquestra Filarmônica já havia se posicionado, após muitos dias de intensos treinamentos, que varavam a madrugada... o Maestro muito aplicado em seu ofício, exigia de todos disciplina e atenção redobrada, afinal até o governador havia sido convidado, e todos se empenhavam em realizar o melhor que podia.
A Igreja estava sendo pintada e, reformada nos mínimos detalhes, e, pequenos consertos aqui e ali, eram feitos pelos fiéis e amigos.
Meu avô recepcionava os que vinham de fora, e os alojava em casa de amigos, como meu padrinho Miroca. E outros mais chegados.
Procissão em homenagem ao Divino Espírito Santo
Por ali naquela época, só havia uma pousada, Brasil - e por isso em épocas de movimentação, todas as casas se faziam de pensão..
A tradição de tais festas como a do Divino , do Espírito Santo , Santíssima Trindade, eram relíquias que os portugueses traziam desde o início da colonização no Brasil, e a Bahia, por ter uma forte herança religiosa, e ser um relicário de culturas, sempre manteve suas tradições, quer com os brancos colonizadores, ou com os africanos, foi -se firmando nessa tradição.
Assim vemos que todos se confraternizam em prol dos festejos...
Origem portuguesa
A origem remonta às celebrações religiosas realizadas em Portugal a partir do século XIV, nas quais a terceira pessoa da Santíssima Trindade era festejada com banquetes coletivos designados de Bodo aos Pobres com distribuição de comida e esmolas.
Assunto muito abordado pelo professor Agostinho da Silva. Há referências históricas que indicam que foi inicialmente instituída, em 1321, pelo convento franciscano deAlenquer sob proteção da Rainha Santa Isabel de Portugal e Aragão.
Essas celebrações aconteciam cinquenta dias após a Páscoa, comemorando o dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu do céu sobre os apóstolos deCristo sob a forma de línguas como de fogo, segundo conta o Novo Testamento. Desde seus primórdios, os festejos do Divino, realizados na época das primeiras colheitas no calendário agrícola do hemisfério norte, são marcados pela esperança na chegada de uma nova era para o mundo dos homens, com igualdade, prosperidade eabundância para todos.
A devoção ao Divino encontrou um solo fértil para florescer nos territórios portugueses, especialmente no arquipélago dos Açores. De lá, espalhou-se para outras áreas colonizadas por açorianos, como a Nova Inglaterra, nos Estados Unidosda América, e diversas partes do Brasil.
Brasil
É provável que o costume de festejar o Espírito Santo tenha chegado ao Brasil já nas primeiras décadas de colonização. Hoje, a festa do Divino pode ser encontrada em praticamente todas as regiões do país, do Rio Grande do Sul ao Amapá, apresentando características distintas em cada local, mas mantendo em comum elementos como a pomba branca e a santa coroa, a coroação deimperadores e a distribuição de esmolas.
Bahia
Palmas de Monte Alto
A festa do Divino Espírito Santo é também realizada na cidade de Palmas de Monte Alto no interior da Bahia, esta tradição tem mais de 200 anos na cidade. Todos os anos a Bandeira do Divino vai para casa do festeiro no ano seguinte. A festa é acompanhada com o cortejo do imperador, carros alegóricos feitos pelas mãos de pessoas da comunidade. Um dia antes da missa do Divino as pessoas costumam enfeitar as casas para receber a bandeira em suas moradias, a bandeira é levada até as casas para pedir esmola, várias pessoas a acompanham. Na madrugada do dia do divino a cidade é acordada por uma grande alvorada. A festa chegou Brasil no século XVI popularizando-se como uma manifestação SAGRADO-PROFANA. A indícios de que, no Maranhão, ela tenha chegado com imigrantes açorianos entre 1612 e 1625.
[editar]Salvador 19 de maio - Festa do Divino Espírito Santo
Com encenações representando a coroação do menino imperador e indulto aos presos de bom comportamento, esta procissão, lembra o ideal de paz que existia quando da fundação da cidade. Saindo da Igreja de Santo Antônio Além do Carmo e percorrendo as ruas do Centro Histórico, esta procissão acontece desde a fundação da cidade.
As escolas deixam em sua programação as datas festivas em seus calendários, e todas as atividades incluem o culto, e o respeito às tradições, que devem ser transmitidas de geração a geração.
Mas no meio de pessoas de fora, existem aqueles que se aproveitam da movimentação, e vêm realizar delitos e crimes mais violentos.
Minha mãe, era dona de um bar, super frequentado que fica na Praça XV de Novembro, e que servia as iguarias mais gostosas de toda a cidade...e, como ali, as pessoas nunca acham que correm algum perigo, não era de se estranhar que às vezes se distraiam , fazendo alguma coisa, e deixavam a gaveta do caixa aberta, para ir do outro lado de rua ver um peixe , ou um doce vendendo , ou algo assim.
Foi justamente com essa distração, que dois larapios entraram por dentro do balcão, e tentaram se apropriarem do dinheiro arrecadado naquele dia.
Só que como serva fiel do Divino , ela possuía uma proteção extra, na qual nem sabia.
E esta proteção era uma cobra, que sem que minha mãe percebesse, se infiltrou em uma de suas gavetas de dinheiro, justamente, na hora que o meliante meteu a mão na dita gaveta e chegou a pegar num maço de notas de cem cruzeiros... que a tal cobra avançou na mão do rapaz, mordendo-o ferozmente, e se segurando pendente, sem que nada a tirasse...
O segundo ao ver a cena, debandou-se em disparada, deixando o colega com o animal preso e aos gritos...foi um susto e tanto, ao percebermos o feito, a gritaria foi tremenda...uns gritavam pela cena em questão, outros pelo risco que o rapaz passara.
Minha mãe, muito calma, deu um chamado no bicho, e ela, soltou a mão do homem que a essa altura já estava branco de medo e pânico de morrer... e , quase que ia mesmo, não fora meu padrinho fazer uma intervenção cortando-lhe o ferimento, e aplicando uma substâncias escura que disse continha o próprio veneno da jararaca, curtido na cachaça, na cânfora, e no óleo de ricino, que ele mesmo preparara.
O moço claro além disso , baixou hospital para o uso de soro anti-ofídico, tendo ficado em coma ainda alguns dias...
mas conseguiu se salvar para amargar um ano na cadeia, sendo depois deportado para Salvador, onde havia ficha criminal a cumprir.
A notícia dali alcançou outras cidades, e minha mãe ficou conhecida pela mulher que tinha por segurança , em seu estabelecimento uma jararaca...
Nem precisa dizer que a cobra foi criada por nós , numa enorme redoma de vidro, e que por vezes ganhara pedaços de frango cru, ou pombos, e outros requintes...
Miguel era seu tratador oficial, até que meu avô achou que era hora de soltar o bicho bem longe dali...
A sustentabilidade era a palavra de ordem número 1 naqueles dias, e tinhamos , me lembro bem , um enorme respeito pela natureza, cultuando-a inclusive, bem como aos seres que protegiam a mãe Natureza, pois era assim que nos referíamos.
Assim , não era de se estranhar que fazíamos referências aos gnomos, silfos, mães dágua, Yara , botos, etc pois não havia pescador ou benzedeiras que não tivessem uma história para contar sobre o tema
O respeito a todas as formas de vida também era um respeito a si próprio.
Herança que guardo em minhas memórias, e deixo claro o imenso respeito pelas formas de vida, quer animais ou humanas...
Além do respeito a formas não humanas, incluem-se o culto aos antepassados e ao Deus Universal e Cósmico!
A religiosidade um povo, está arraigada em seu DNA.
Embora muitos debochem deste ou daquele costume, aos que têm crença em algo ou uma esperança - que pode ser chamada de Fé , nada poderá abalá-lo.
E esse vínculo é forte , diria mesmo que indestrutível.
Transpassa entendimento ou explicações de como e porque?!
É como alguém quando se apaixona, que não tem idéia de como aconteceu , ou porque, apenas se conforma em dizer que aconteceu, simplesmente de uma hora para outra, se percebe que a pessoa faz falta, e se deseja estar ao lado! Simples assim...
Simples também é a Fé!
Nada a abala... nem o tempo, nem o vento.
Ela é porque deve ser simplesmente o É!!!
Referências:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Festa_do_Divino_Esp%C3%ADrito_Santo
Bom Jesus da Lapa - cidadezinha muito bonitinha ao lado de Paratinga, e famosa pelas grutas rochosas em que devida as gotas de água formaram cristais pendurados de uma beleza ímpar!!! Nossos fins de semana eram muitas vezes passados aqui!
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