A menina era reparadeira, dizia a prima...Olhe ali, tudo ela quer saber do que se trata: Curiosa.

          Naqueles dias, logo que retornamos ao Rio de Janeiro... foram dias complicados... era tudo muito escasso, desde a comida ...até a água de beber...Nós acostumadas a vislumbrar aquele rio enorme, com água a perder de vista..agora tivera dias de escassez, e de se abrir a torneira e nem pingar um jorro d´água .


          Cristina e Joanita, ressentiam desse dias... que de fato deixaram muitas saudades. 


           Minha mãe tinha que trabalhar mais, pra sobrevivermos... e era com a costura que ela complementava o orçamento...


           Às vezes ficava horas sentadas na máquina, o que veio a acarretar problemas ósseos, varizes, etc...e não eram poucas vezes, em que eu acordava a noite, e ia chamá-la pra dormir... e ela dizia vá na frente ...depois eu vou.  E quando o sono batia, assim eu fazia, e não via quantos minutos, ela ia se deitar depois. 


       Mas não fazia vestidos de festas, só o trivial, dizia: Um dia recebemos um dim dim extra, foi a primeira vez que usei um vestido de alta-costura, para ir visitar uma tia avó que viria da Alemanha de navio, e Alicinha tinha que ir arrumada...

Costureira .....                  

Sentada numa cadeira renga, assim passava seus dias...
O corpo todo cheio de alfinetes, que de vez em quando espetava o seu próprio dedo: Uiii
Morim, algodão, brim , tergal ...
Pilhas e pilhas de panos por todo o lado...


A casa não era arrumada, nem podia..
No chão fiapos de linha ...alfinetes, botões, retalhos, plásticos e carretéis...
Tinha um pouco de tudo do armarinho lá de baixo
Tecido de cores brancas, pretas , tons vibrantes...


Um dia minha mãe me mandou ir lá , e escolher um corte de tecido, e um modelo de Gil Brandão...
Tudo do melhor... pode escolher.e , tire já as medidas...
Porque a dona Laurinha tá podendo essa semana, costurar em paz...
Eu não podia deixar passar a frase em branco


Porque ela não costurava em paz, antes??
Porque o Zé não deixa(o marido) cachaceiro...e paquerador...
Aproveita na hora que as clientes vão fazer a prova e entra no quarto, fingindo procurar um fósforo...
Numa dessas ele quase morre,porque a vizinha , que experimentava a roupa, contou ao marido, a descaração do mesmo 


Não via cara dele, mas disseram que não ficou um dente inteiro na boca..
Era sangue pra todo o lado!
E ainda 4 costelas quebradas...
Coitado, passou bem uns 20 dias no Hospital


Depois disso : Aprendeu a ser respeitador...
Quando chegava a freguesa, ele saía de fininho...
É como diz o ditado: Quem bate não sabe porque bate...
Mas quem apanha sempre sabe o motivo!!!

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A Costureira

Forrozão Das Antigas

Tarde, toda tarde vai fiando,
A costureira no silêncio a costurar
Noite no bordado, vem chegando em retalho,
E põe suas estrelas no lugar

Quanto mais a agulha vai brincando                                    
A costureira vai trançando amor no ar
Leva esse vestido, que foi prometido,
Pra quem de manhã vier buscar

Moça, toda moça tá se vendo
Nessa elegância no cabide a balançar
Diga quanto custa, na cintura bem se ajusta,
Que é pro meu rapaz se admirar

Preço? todo preço vai custando
Não há dinheiro que me tire do lugar
Diga, minha senhora, se por ess mundo afora
Há mulher que possa lhe pagar?

Tarde, toda tarde vai fiando
A costureira no silêncio a costurar
Aquele vestido, pra ninguém será vendido
Ficará pra sempre a lhe esperar

E, assim essas pessoas, contribuiam para o crescimento da nação, e o sustento da família..


Minha sincera homenagem a todas essas mulheres; que com seu trabalho criaram seus filhos , com muita honestidade...e dedicação.

Pessoas iam e vinham, de um lado para outro...em busca de novidades, e de panos de todas as cores... surgiu nessa época uma características dos novos tempos...o caixeiro-viajante.


Pesquisa em:


http://hafsamahaila.blogspot.com.br/2011/09/costureira-em-mim.html

Boa noite...Voltem sempre que desejar...é um prazer revermos-nos.