segunda-feira, 15 de abril de 2013

Colcha de retalhos - minha querida avó e suas belas colchas. Diálogos no quintal regados com café, bolo de milho ... e cerveja... Retalhos também são lembranças que nunca sairão de nossas memórias....

   
        Minha Bisavó Ana - eu te amo eternamente....


   Não tenho fotos dela ... mas achei essa senhorinha, que muito se assemelha, e principalmente o quintal da casa de meu avô, tinha esse aspecto, e se prolongava té quase as margens do rio!!!




 Ela era uma pessoa única. E nunca mais vi alguém daquele jeito....


    Por isso repito: Ela era única... Olhos azuis e doces..... cabelos brancos ... pequena estatura ... pele clara ... e uma altivez interior que não percebíamos de pronto. 

    Precisava de uma análise mais séria... e interior... que muitas pessoas não o fazem, por não terem a percepção do belo!e do que está escondido nas pessoas, em seu lado mais verdadeiro.

    Nascera com um pequeno distúrbio, era surda e muda!!! 

    Mas, não era necessário que falasse ... pois, ela falava com os olhos... com o corpo ... com o coração, e nós a entendiamos completamente, e a respeitávamos e, principalmente a amávamos incondicionalmente; e me lembro bem do dia em que fui obrigada a sair daquela terra, o seu abraço forte, e as lágrimas nos olhos como se pudesse falar que talvez não nos revéssemos mais!!! 

    Mas não quero falar apenas disso, por que levaria um compêndio de literatura premiado, quero sim falar de suas aptidões para a costura.

    Ela confeccionava as mais lindas colchas de retalhos da cidade... e, em épocas de sufoco, poderiam ser vendidas para a compra do sustento da casa, pois a carpintaria de meu avô, algumas vezes ficava sem trabalho, e o que os salvava , além das velas que sabiam fazer para os altares da Igreja, eram as colchas de vó Ana, sempre disputadas, mesmo antes de terminar...

   Minha mãe, era a negociadora, e comerciante da casa... e, se gabava pela sua maneira de fazer negócio!!! 

   Colocava-as do lado de fora da varanda em exposição, e quem passasse, logo era chamado a atenção...o problema, era que a avó, nem sempre queria deixar vende-las, e brigava a sua maneira, e resmungava, e tirava-as dali rapidamente... ela não entendia como vendendo iria ajudar em alguma coisa ... era preciso uma barganha com ela... 

   Tipo, trocar uma colcha pronta por um punhado de panos... para fazer outra igual, que lógico, nunca eram iguais... cada uma tinha um traçado.

  Ai, às vezes ela liberava para a venda!! 

  Mas sem não antes xingar, e reclamar da vida (ao seu modo) o que fazia, com que nos tivéssemos uma dó imensa... por que o seu trabalho, era a sua vida e alegria!! 

  As colchas por vezes, as víamos na beira do rio, estendidas quarando...já pertencentes a outras pessoas...

   Como a terra era seca por ali, a água era retirada da tina , ou do pote, e era a mesma em que se lavava roupas... a roupa, tinha que ser lavada na beira do rio, onde todas as manhãs bem cedinho, várias mulheres, saiam de suas casas, com as crianças penduradas em suas tetas,e um balaio de roupas na cabeça, indo em direção ao rio São Francisco, levando um pedaço de sabão de mamona, mau cheiroso, quando não podiam comprar o sabão Platino, ou UFE.

 Assim, naquela época do mundo os produtos em sua maioria eram feitos em casa mesmo, os xaropes ... os emplastos... os laxantes e purgantes... os perfumes e leites de colônia ... os anti-febris ... os anti-tussígenos ... os anticoncepcionais ... os alívios para problemas de mulher ... os medicamentos, que colocavam meninos-para-fora ... e toda a gama de medicamentos que hoje em dia temos que ir ao médico para comprar manufaturados e cheios de químicas.

   O nosso quintal, era a nossa farmácia, e retirávamos além dos alimentos, os remédios.... e, para nós crianças, era também um local de expressão máxima, pois fazíamos dele o nosso recanto de alegria, um mini-paraíso. 

   E, a cada dia, descobríamos um ninho novo... uma nova flor.... uma abóbora madura, um cacho de bananas, ou um novo abelheiro, repleto de mel, o que nos deixava com água na boca, desejando-o ...ao que perturbávamos alguém para providenciar a retirada...e, ali também, a tardinha, naquele quintal exuberante, faziam reuniões, filosóficas, regadas por limonadas do pé-galego, e com a presença de pessoas esclarecidas, que gostavam de discursar suas opiniões, embalados pelo cheiro do fumo de rapé do meu avô... as crianças tinham que ficar boazinhas, se não seriam retiradas...

  Nesses encontros, vinham: Meu Padrinho Miroca, minha madrinha e professora Honorina, os padres que serviam ali... e mais outras pessoas que frequentavam a casa... alguns clientes do bar de minha mãe... e que sorviam no final da tarde, como um happi-hour, uma cervejinha gelada, e um torresmo, carne de sol com aipim, ou caldo de badejo; o que muito alegrava dona Dina.  
  
   Um dia ouvi , um diálogo mais ou menos assim:

   - Quem influencia o corpo? 

    Meu padrinho conversando com um padre, e o segundo dizia que Deus apenas, já o meu padrinho, achava que a inteligência humana, e sua vontade de lutar, influenciou às gerações passadas, desde que se saiba do início do mundo, não fosse a inteligência, do homem, e ele não teria sobrevivido as adversidades do tempo em que viveu... e, embora o pároco, quisesse persuadir o outro que a inteligência, provinha do criador, a ciência ali representada pelo farmacêutico, dizia que antes de deus, existia formas inteligências de vida na Terra. 

  E isso logicamente gerava altas discussões, em que jovens estudantes, também vinham se juntar aos demais para darem suas idéias!!

   Hoje, pensando nessas tardes, e noites que chegavam devagar...lá no Interior de uma cidadezinha, uma cidade na roça...no interior da Bahia... ponho a pensar: 
 - Como a vida segue seu curso sabiamente, e apesar daquelas pessoas, terem vivido há mais de 60 anos, 70 ou mais atrás, elas trazem um fenômeno importantíssimo no Planeta - o fenômeno das idéias... isso sim - o mundo foi formado por idéias difusoras, e amplificadas pelo mover da roda!!! 

Essa enorme roda, na qual estamos contidos.


Retalhos de todas as cores .retalhos de cetim são sensuais...




              Lindas imagens da roça - que eu amo!!!
  



                     
                           Casa de pau-a-pique / sapé





                            Senhora, e sua colcha de retalhos ...




                                Milho cozido ... delícia .



                                                   Imagem de livro antigo ....



                                   
                           Saindo um café fresco....





        Cerca que separava as casas ... não havia muros, nem cercas elétricas ... Pra que???















   
                      Uma gracinha essa cozinha....   





             Não resisto a esses mimos ... lindeza pura ....  rsss ...






P.S: Faço um adentro, por falar somente de minha bisavó, e não da minha avó materna, mas foi por que simplesmente não a conheci e ouvi pouco falar de suas histórias... mas me comprometo a corrigir essa falha em breve!




 Ótimo cafézinho... recheado de carinho ... e com gosto de roça.








Referências:

1- http://daquidali.com.br/atitude-sustentavel/que-tal-fazer-seus-produtos-de-limpeza-em-casa/

 2- Imagens da Internet - Google

E, se não me falha a memória, as conversas, iam até altas horas, agora, na porta da rua, na calçada... e as religiões. eram sempre colocadas em pauta. 

                             Ohhh ... dias felizes ... Inté ...





5 comentários:

  1. Alicinha, como seria bom poder reter as pessoas queridas, deixá-las sempre coladinhas a nós, pertinho do coração.
    Imagino como era especial para você sua avó Ana.
    Mesmo sem falar ou escutar, você tinha com ela "diálogos" eloquentes, de alma pra alma. É assim a linguagem dos amantes (daqueles que se amam). Não carece palavras, pequenos gestos e alguns olhares são como mil palavras.
    E suas colchas de retalhos ficaram também permanentes, colorindo a lembrança, assim como o cheirinho do café com broa de milho.
    Feliz de quem tem sensibilidade, pois carregará cada momento consigo e dele lançará mão sempre que quiser companhia.
    Linda história de vida, parabéns, Alicinha.
    Do amigo, José Maria Cavalcanti
    www.bollog.wordpress.com

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  2. Meu caro amigo José

    Emocionas-me com tão grandes palavras... e entendimento!

    Eureka!! De fato o nosso diálogo era silencioso... o diálogo da alma - da criação, tipo o desabrochar úmido da semente...em seu recôndito!

    A minha estimada e bela avó , era uma forma de anjo na terra... e perto dela nos sentíamos mais perto do céu!!

    Um ótimo dia...e muitas inspirações... poéticas..

    Abraços fraternos...

    Obrigadu pela sintonia e tão bela análise....

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  3. Que bela história Alicinha! Me contagiei com teus sentimentos!

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  4. Caríssim Ayred -

    Obgdu pela atenção e emoção .... GRATA!!

    Leia outras histórias são tão reais como a minha vida........... bjssss.

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  5. Adorei esta postagem, muito bom!!
    Lembrei de uma senhora que conheci em um curso do SEBRAE ela fazia este tipo de colcha, eram lindos e caros.
    Interessante como as pessoas se entendem quando não se ouve, a gente tem a capacidade de enxergar com o coração.
    Beijos, amada!!

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Obrigada pela presença, caso queira deixe seu comentário.

Até a próxima postagem! ABRAÇOS FRATERNOS ...

A vida segue seu fluxo ... Nada muda sem que você não permita!

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Que lugar é esse ? One club of The chess... greast ...