terça-feira, 2 de agosto de 2011

A Cigana

Minha máe, depois que chegou ao Rio (retornou), descobriu a vocaçáo de Corretora imobiliaria!!!

As pessoas vinham chama-la para alugar suas casas, avaliar terrenos colocando valores de venda(logicamente que ela cobrava comissáo) pelos serviços prestados e riscos.

Como tinha bastante conhecimento com obras, também construia... dizia sempre que gostaria de ter estudado engenharia e que Amaury seria um engenherio.

E eu - O que serei máe ? Qualquer coisa!

Isso soava como algo indefinido.

Nita - O que eu serei quando crescer .

Vocë tem idéia - É porque meu irmão vai ser engenheiro que minha mãe disse.

E, eu perguntei o que eu serei, e ela disse : Qualquer coisa!!!

Dina - num tem paciëncia com a menina. Custava responder direito?

E, Cristina como sempre contrariava, falando com aquela voz grossa dela:

- Mas essa menina é de plástico .. kikikiii... como ela vai trabalhar ??

E lá ia eu, correr atras da Cristina Megera- o que causava grandes transtornos, pois bagunçava a casa que Nitinha tinha limpado sózinha...

- Váo correr lá fora vocës duas...

- Tão sujando tudo... Sempre me dando trabalho... e blá blá.... blá ... blá ... etc...

- Quando fomos correr - vimos chegando uma mudança ao lado de nossa casa.. Uns móveis velhos e dois baús... geladeira vermelha.. mesinhas ... mesa redonda com cadeiras de palhinha... armários grandes...Tudo parecia ter saído de um antiquário muito antigo!!!

Parei assustada porque me lembrei do meu baú - que não pude trazer!

Caramba Cristina - Quem será que tá mudando pra cá?

Nessa hora a porta entreaberta , deu-nos uma visão inusitada. Só pudemos ver a face da nova moradora.. Uiiii .....Socorro!!!

Corremos pra dentro de casa...batendo a porta atrás de nós com toda a força: Niiitaaaa. Vimos uma bruxa! Fecha a casa...

Era a coisa até entáo mais horrenda que eu já tinha visto - Que terror.

Uma senhora baixinha , com uma saia florida estampadona de preto e vermelho , lá no meio da canela... tinha unhas enormes... vermelhas... cabelos desgrenhados , metade preto , metade brancos...verruga perto do nariz! e o pior de tudo - Foi minha máe quem alugou a casa do Sr Dias, pra esse povo!!!

Mãe!!! Ela entrava na cozinha com um bolinho de notas contando o dinheiro bolorento!

Consegui alugar a casa de seu Dias com dois meses de antecedência, e disse que seria um só!! Embolsei $400,00 contos.. hummmm belo mës.

Não aguentei - Mãe vocë alugou a casa do lado da nossa pras bruxas, de onde veio esse povo?!

Que idiotice é essa de vocës?

Precisava dar um grito daqueles?

Assustou a moça! O que olhei pra Cristina!? E ela pra Joanita. Moça??

Só se for da Pensilvänia!!! Olhei pela janela da cozinha, e vi os outros integrantes da casa.

Um homem de 1.50cm mais ou menos , gordinho, careca, barrigudo , com grandes unhas dos pés, e um nariz que mais parecia um tomate, cabelos desgrenhados também e sombrancelhas grossas e horríveis...

Meus Deus !!! 0psss... Olha aquilo Nita!!

Quando pude ver a terceira senhora , pior que os dois anteriores , que vim saber serem irmãos, e a terceira mulher desse homem!!!

A última chamava-se Izilda... a primeira Helena, e o homem chamava-se Horácio.

A dona Izilda era cartomante e, aprendiz de mãe de santo, entre outras coisas... e lia cartas de tarö, dizia que sabia trazer o marido de volta!!!. E fazia trabalhos brabos!! Nem queria saber que tipo !

Dizia, que tinha uma bola de cristal que conseguia ver o passado o presente e o futuro de todo mundo!

Tinha enormes unhas e segurava uma cadelinha preta chamada neném.

Segurava uma caixa com seu material de adivinhação: cartas de baralho, de diferentes desenhos... panos de veludo vermelhos, a sua famosa bola de cristal - ou melhor de vidro! cigarros... charutos... incensos... castiçais de prata... pedras de todas as cores que elas dizia que eram seus cristais imantados que vieram do Peru... umas pedras que vim a saber depois serem tarôs... búzios... Champanhe... cigarros e cigarrilhas... perfumes de noite... batons vermelhos... flores vermelhas de plásticos...e um punhado de quinquilharia que sempre que ela abria a gente não cansava de perguntar: pra que isso dona Helena ou Izilda a primeira que desse atençáo se perguntava.

É porque passado o medo, acabamos fazendo amizade com a trupe, até o dia em que meu cachorro pegou a neném delas.

Ai o barraco foi feio...a casa caiu e a Inës foi morta!!! elas queriam que a gente fosse lá separar o coloquio dos bichos... tá maluca?
deixa os animais se amaram - dizia minha máe...como podemos contrariar a natureza?

Os animais tem seus direitos , assim como os seres humanos, e amar é um direito de todo nós: bichos ou gente...

Taí uma atitude sábia que ouvi da mãe...

Mas, desconfiei que ela também tinha medo de ser mordida pelo cáo!

Por isso partiu na defesa dos animais!!!

O que fez a vizinha dizer que queria seu dinheiro de depósito que ia embora...

Impossível - o dinheiro foi aplicado na bolsa!!!

Ai fiquei sem entender de novo...

Se tava aplicado é só ir lá e meter a máo na bolsa e pegar o dinheiro da velhinha...

Só, que depois de alguns minutos de diálogo as senhoras deixaram pra lá o sexo dos animais livremente.

Também até porque a essa altura elas já tinham uma boa clientela de baralho cigano .. e se fossem embora iriam perder as clientes.

Eu ficava no portáo observando o movimento do lado..

- Nita mais de uma dúzia de senhoras entraram nessa casa hoje

- Porque será???

- Feitiçaria!!! Respondeu Cristina.

- Ai cruz credo... fala esse nome longe...disse Joanita.

Minha imaginaçáo fluia- Hummmm

- O que será que acontecia lá dentro - continuava espiando e pedia ajuda a Amaury , mas ele dizia que ia ser o caixa das velhinhas e segurança pra ninguém roubá-las isso sim...

Além do mais - dizia ele que podia fazer sonorizaçáo e vozes do além para impressionar os clientes... Crueldade, impressionar as pessoas!!! com os recursos de aparelhos de rádio amador, ele queria fazer com que as pessoas acreditassem estar falando com antepassados!!!.

- Maquiavélico e velhaco, dizia Cristina...

Minha máe , nem sonhava ouvir isso!!! repetia ele...

Luiz que tudo prestava atençáo - Dizia vou contar... mas claro que náo contava, pois coitadinho, não iria saber explicar a trama... suja do primogënito!

Mas, pelo menos teríamos uma carta embaixo da manga, caso ele fizesse a nos alguma sujeira!!!

Um dia o portão estava aberto , e eu muito curiosa resolvi entrar porta a dentro!!!

Uauuu ... Que casa escura e mau cheirosa.

Nita - cheirava a enxofre... pois, era o único cheiro diferente que eu saberia explicar... cortinas escuras nas janelas o que fazia o dia parecer noita lá dentro... poltronas rasgadas... tapetes vermelhos... fogão de duas bocas amassado ... geladeira vermelha com dois grandes pinguins em cima...

Quadros de vários Santos e Santas... Anjos .. e uma casinha perto do portão que ficava trancada... diziam que o bicho ruim morava lá...-

- Credo!!!

- Licinha já disse que não é pra vocë ir lá!!!

- Esse povo deve sacrificar criança!!!

- Puxa náo tinha pensado nisso!! Gelei... e pela primeira vez não fiz perguntas - apenas acatei!!!

Mas já tinha ido... Prometi nunca mais entrar lá sózinha...

Sei, que no meio das clientes - minha tia Dadá era uma delas - preocupada em saber se seu marido voltaria para ela..

Aquele traste do seu marido " Carlos" Um português alto e bonitão que fora colega dela no ginasial e após anos de sumiço , retornou agor a viúvo com três filhos, e cheio de amor por ela (moça solteira e virgem até os 36 anos), mas o casamento pelo que eu podia ouvir durou apenas 2 anos e logo o Manoel aprontou trocou-a.

- Ele me trocou (a granfina do Leblon) por uma "negrinha" da Gamboa... Dito após trës meses entre soluços e pranto...Oh Deus como dói a dor do amor!!!

Foram mais ou menos assim, as suas palavras no dia em que ela veio morar com a gente, dizendo que seu marido tinha viajado a Portugal, para receber uma herança, e ela náo queria ficar sózinha em casa... O que deu a ela um tempo de uns trës meses...

Mas, eu como tinha um sexto sentido - cheguei por trás dela e vi um urso no formato das costas - tentei dizer que era mentira , mas minha mãe não quis saber do que eu vira ou deixava de ver!! Além do mais a tia Dadá era sempre muito generosa e, não tinha mesmo como gastar o dinheiro de pensionista da Marinha que seu pai e sogro da minha mãe deixara para ela e suas irmãs.

Cala a boca menina de plástico! e vë se num se mete na conversa de adultos!!

Mas, mãe eu vi um urso - Repetia convicta, quando a tia se foi! tö dizendo que a história é falsa e mentirosa...

Boba eu - Fiquei de castigo.

- Quem manda dizer o que vë! Alicinha pára com essa mania de dizer que vës coisa!!!

- Deixa essa imaginaçaáo sossegar!!.

- Nita - eu só falo o que eu vejo.

- Tá bom entáo , quando vocës quiserem saber se vai chover pergunta a Sáo Pedro!!! Porque todas às vezes que vocës querem saber se vai chover pra náo ter que pegar o guarda chuva...não me perguntem nada...

Eu acredito que vocë viu o urso!!!

- Disse o Luiz me abraçando...Que reconfortante... Ele era o único que me entendia sempre!

Hoje!!

Era dia do seu Dias chegar até em casa pra pegar o dinheiro dos seus aluguéis... e era uma festa quando ele vinha... pois ele trazia mortadela...queijos... goiabada... e outros secos e molhados da sua loja em Bel.

O que tornava o lanche da tarde bem mais substancial, e no dia seguinte a minha merenda de escola, podia levar quem sabe um pedaço de presunto...com queijo...ou goaibada com queijo, meu preferido.

Pelo menos uma vez por mês, a gente tinha esse mimo!!!

Pois minha mãe dizia que tinha que tirar o superfluo porque o governo tava arrochando as massas, e se continuasse assim teria outro golpe de Estado...

Obá, pensei com a Rita Pavone, minha leal confidente depois do Lú!

- Se houver outro golpe nós voltamos pra Bahia né Nita?

O que rapidamente recebia um sorriso de volta - é verdade foi essa a razão de que houve para irmos pra lá!.

Nita - vou rezar toda noite pro golpe chegar!!!

O que recebia uma ralha do Amaury - num diz bobeira, esses militares num prestam.. e blá ... e blá...

O que torrava nossos miolos, que não prestavamos atençáo ao que ele queria dizer... fazendo-o ir embora antes de explicar o restante...

Ha deixa ele pra lá - disse sabiamente o Luiz , nós vamos embora pra Bahia é já...

Nesse dia tivemos bolo de mandioca e cocö tirado do quintal de nossa casa !!! para festejar secretamente quem sabe, um novo retorno pra Paratinga.

Um lugarzinho no meio do nada, com cheiro de felicidade!!!

Postado por baruchess@gmail.com - (Continuo depois!)




CIGANOS




A história dos ciganos pode ser dividida em três partes: a origem, a dispersão e a situação atual. Como, porém, em uma parte posterior deste trabalho será aprofundado o item situação atual, não cabe neste capítulo relativo à história abordar esses dados. Serão apresentadas, então, as questões ligadas a sua origem até a chegada ao Brasil.

Os ciganos fazem parte de uma etnia de cultura própria, rica, já que por variadas razões encontram-se dispersos por todo o mundo, tendo passado, em suas andanças, por diferentes países, legando e enriquecendo a sua cultura. Uma pequena parcela, hoje em dia, ainda é nômade, mas a maioria, como no caso dos ciganos do Rio de Janeiro, é seminômade e sedentária.

Segundo Arthur R. Ivatts, sociólogo, educador britânico e assessor da Comissão Consultiva para a Educação dos Ciganos e Outros Nômades, a concentração maior desse povo fica na Europa, ou seja, da população mundial cigana, mais ou menos a metade é residente na Europa, sendo que dois terços na Europa Oriental, e, parte reside ainda, no norte e no sul da África, no Egito, na Argélia e no Sudão. Nas Américas, o contingente está distribuído dos Estados Unidos à Argentina, tendo uma maior concentração no território brasileiro.

Devido ao modo de vida cigano, é difícil calcular o número exato deles, mas, segundo Ivatts, em 1975, sem contar com a Índia e o sudeste asiático, os ciganos eram, em média, cerca de sete a oito milhões em todo o mundo.

Antes de desenvolver o tema, é preciso deixar claro que o termo cigano é genérico, assim como índio, ou seja, dentro dessa etnia existem subdivisões e, nelas, existem famílias que fazem das tradições uma cultura própria de acordo com o subgrupo ao qual pertencem. No Brasil, mais particularmente no Rio de Janeiro, existem dois grandes grupos de ciganos: o Rom e o Calom.


O grupo Rom é mais disperso, pois, devido a sua origem extra-Ibérica, é encontrado no mundo todo, da União Soviética à Argentina. São os considerados ciganos autênticos e tradicionais. No Rio de Janeiro, foram contactadas famílias de três grupos rons: o Kalderash, o Khorakhanè e o Ragare.


Os nomes dos subgrupos são apresentados por força de uma profissão própria e predominante na família através dos tempos, como os kalderashès (ferreiros, caldeireiros, produtores de panelas, parafusos, utensílios, chaves, pregos, ferramentas, selas, cintos e outros objetos de couro). Alguns são exibidores de feras amestradas, os circenses (lovares) e (manushes). Outros ainda, que eram antigos negociantes de cavalos, atualmente, negociam com carros, sendo também exímios comerciantes, mecânicos e lanterneiros, como os ciganos do grupo Calom. Há também os que vendem ouro, jóias, roupas, tapetes, que são os mercadores ambulantes ou feirantes.

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