terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Natal por diferentes ângulos - Autora: Ingrid Medeiros






Às vezes fico parada pensando como pode tudo mudar de repente, passa um filme em minha mente e parece que foi ontem, que reuníamos a família toda no natal junto com meus tios, tias e primos e ficávamos jogando RPG, ate de madrugada nas noites de natal.

Nessa ocasião, meu pai se vestia de papai Noel; só pra que eu nunca perdesse a magia do natal, minha avó que ja se foi, fazia aquela linda arvore de natal de balas de morango que eu passava o ano inteirinho comendo, minha mãe sempre me vestia de vermelho e os presentes meus e da minha prima eram sempre iguais ( pra não dar briga )...sentavámos todos a meia noite em volta daquela mesa enoooormeee e faziamos a nossa oração depois de ter voltado da missa, na qual, eu todos os anos me apresentava no alto de natal da Santíssima Trindade.

Hoje, ja crescida, e mãe inclusive, fico pensando: meu Deus aonde eu estava que não vi isso tudo passar tao rápido?...agora eh um pra cada lado, parece que o Espirito natalino perdeu o sentido...minha vozinha não esta mais aqui pra fazer a tradicional arvore de balinhas que eu tanto amava , o que aconteceu com o papai Noel que nunca mais apareceu? e o jogo de RPG que nos fazia morrer de medo naquela.noite ??? da uma vontade imensa de voltar no tempo e viver por só mais uma vez essa noite de natal...eu tive natais de verdade, sempre foi a época do ano que eu mais gostava, passava o ano inteirinho pensando nela... tempos que não voltam mais... e só nos restam lembranças.

Carta sobre o Natal: Por Ingrid Medeiros.


domingo, 14 de dezembro de 2014

Lições da manjedoura - de Dom Orlando Brantes.


 


 Existem momentos, em que as palavras nos faltam, ai buscamos, pesquisamos inspiração, diante de tudo quanto ja foi dito; sobre o Natal.

   Todos procuram se expressar sobre esse símbolo máximo da cristandade, posto que ainda é uma incógnita a emoção de vivenciarmos o Natal.

   Procurando pelas palavras encontro a máxima ,em lições da manjedoura. Vale uma reflexão. Uma meditação. Um momento de solidão, para se revenciar, e se adorar a Deus.

  O criador se transforma em criatura, e vem até nós, em um estado de humildade.

   Ele que poderia escolher os melhores palácios para nascer, os melhores pais, o mais suntuoso reino. Não! ele foi buscar na terra, no capim, nos bichos o seu refúgio. E, provar que nos menores lugares, no mais humilde lar, o verdadeiro amor poderá reinar, e se perpetuar, e se propagar, e buscar novas fontes.... num crescente, e terno Amor.

Deliciem-se com as palavras de Dom Orlando Brantes... e um Ótimo Natal a todos..


Primeira lição: a manjedoura é um berço pobre. 
Num berço só cabe quem é pequeno. 
Deus se abreviou, se autolimitou, esvaziou-se de sua glória e poder e está ai no berço choramingando, tossindo, envolto em faixas. Não havia lugar para ele nas hospedarias. No Natal já temos vestígios da cruz, da rejeição, da crise de espaço para Deus. Berço pobre, mas rodeado de carinho dos pais, da sintonia com Deus, da companhia dos animais. Os três reinos estão em sintonia. Deus optou pela pobreza, humildade e simplicidade.

Segunda lição: a manjedoura é um sacrário. 
Contem a presença viva de Jesus, pão da vida. Já o útero da Mãe Maria foi um sacrário, um templo, uma moradia de Deus. De Belém irradia o sol da Eucaristia, nasce Jesus na cidade do pão. Hoje, é na cidade que falta o pão. Há lugares especiais para os animais entre nós, enquanto os sem teto, os habitantes de rua, não têm onde repousar e um bilhão de pessoas passa fome no mundo.

Terceira lição: a manjedoura é um trono. 
Ali dorme e repousa Aquele que nos trouxe o reino, que é a luz das nações e que foi reconhecido pelos reis magos e temido pelo rei Herodes. As bases do trono do Messias são o direito e a justiça. Os pobres herdarão este reino e os poderosos cairão de seus tronos. Na manjedoura já esta sinalizado o trono da cruz, ambos falam da rejeição do Filho de Deus, rei do universo, Senhor e Juiz dos povos.

Quarta lição: a manjedoura é uma cátedra. 
É uma escola de alfabetização do cristianismo, uma cadeira, uma catedral, um púlpito. Jesus é a gramática na qual aprendemos quem é Deus e como nós devemos ser. Ali, o Menino, Maria, José, os pastores, os magos, os anjos e os animais são mestres da fé, catequistas do amor, da adoração, dos verdadeiros valores. Ali se aprende a pobreza, a castidade, a obediência como também as bem aventuranças. Ali Deus fala sem falar, ou seja, fala através dos gestos, atitudes, ações. Desde a manjedoura aprendemos a ser discípulos do evangelho.

Quinta lição: a manjedoura é um tribunal. 
Somos julgados pela inocência da criança, pela fé de Maria e José, pelas atitudes dos pastores e magos, pelo louvor dos anjos. A manjedoura nos interpela, fala à consciência, provoca discernimento e decisão. Todos que por ali passaram, mudaram de caminho, de mentalidade e de vida. A Palavra que se fez carne nos julga e convoca a decidir.

Sexta lição: a manjedoura é um altar. 
Um Menino nos foi dado. Ele no altar de Belém até à cruz no deu seu sangue. Desde a manjedoura a vida de Jesus foi uma vida doada, entregue, consagrada. Sua existência foi uma pró-existência. Ele não fez nada em favor de privilégios pessoais e em benefício próprio. Seu alimento era fazer a vontade do Pai. no presépio sua vida é ofertada, sacrificada, oblativa.

Sétima lição: a manjedoura é uma emissora. 
A Palavra se fez carne, escuta e silêncio para falar ao mundo o anúncio da salvação. Em Belém ressoa a voz da Palavra, a alegria do reino, o ensino do evangelho. Os evangelhos da infância, são a síntese de todo o evangelho que deve chegar aos telhados e até os confins da terra. De Belém, da estrebaria, da manjedoura vem a potência, a força, a energia da Palavra de Deus, da qual  somos emissários, microfones e transmissores.
Dom Orlando Brandes



Referência:
1- http://www.rainhadouniverso.com.br/licoes-da-manjedoura/

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Memórias que não se cansam - brincadeiras de infância como é bom

Como era boa a nossa infância.








Antigamente as crianças não tinham tantos brinquedos como as de hoje e, por isso, tinham que usar mais a criatividade para criá-los.


Usavam tocos de madeira, pedrinhas, legumes e palitos para fazer animais, além de brincadeiras como amarelinha, cinco Marias, bolinha de gude, cantigas de roda, passa anel, roda pião, empinar pipa, dentre várias outras e, assim, se divertiram por décadas e décadas.
Com os avanços da modernidade, a tecnologia trouxe brinquedos que não exigem a criatividade das crianças, pois elas já encontram tudo pronto.


A modernidade, afastou as crianças da pureza. 
Hoje elas querem note books,I pads , tablets, celulares, e uma centena de coisas que seus pais ficam loucos para acharem pelo menor preço, ou em parcelas que caibam no bolso… por que seus rebentos não podem se decepcionarem, ou passarem “vergonha”, diante de seus amiguinhos do play quando descerem do "apertamento", no dia seguinte ao Natal!


Lembro-me, porque eu morei no Interior da Bahia, e tive infância, que minha boneca preferida, era uma bonequinha de pano, ja esfolado… e uma outra chamada Rita Pavone. Mas embora a Rita fosse cara e grande, era a de pano que eu eu adorava.

As noites eram agradáveis, por que morávamos em frente a uma praça enorme, e podíamos brincar na rua, sob olhares dos mais velhos.. mas podíamos: pular corda, amarelinha, peteca, e as tradicionais: pera, uva ,maçã e salada mista. Essa já nos tempos de madrigais, aquele período da adolescência que aprendemos a suspirar, por um garoto da casa ao lado, ou um que vinha passar as férias na nossa cidade…


Aos finais de semana, haviam os pique-niques, e eram como se fossemos à Disneylândia para algumas pessoas. 

Ah por falar nisso, não quero fazer fofoca, mas achei o cumulo quando um casal já de meia idade que casaram-se recentemente, escolheram a Disney para o cenário de lua-de-mel...Aff.. voltando aos passeios dominicais… que coisa fantástica. 

Eram bem simples olhando-se pela ótica atual,mas pra quem tinha apenas 6 ou 7 anos, era o máximo: atravessar num barco o Rio São Francisco, e ir lanchar na ilha distante dali uma meia hora rio acima…


Passando por monstros fantásticos (piranhas) e cobras d`aguas, enormes (1,70)mais ou menos, que pra gente eram mesmo monstros marinhos, que a imaginação ampliava seu tamanho umas dez vezes mais.


Eu, embora mais nova que os outros não temia nada, e vivia no meio de garotos primos, e irmãos e tios etc.. com duas amigas inseparáveis: Sonia e Soneide… que eram minhas companheiras de aventuras.


Depois que assistiamos a missa, podiamos sair para as aventuras...desde que houvessem primos, e um tio chamado Miguel, que, embora adulto tinha o QI de 16 anos, e a vantagem de saber tudo de sobrevivência, ter um bom facãozinho, e um canivete que cortava até jacaré ao meio se aparecesse algum que quisesse enfrentar meu tio. 

E ele era bom em contar histórias de monstros submarinos (que ele lutou e venceu), ventanias, furacões, cobras de 10m, e morcegos entre outras coisas, sempre o mocinho que era o próprio vencia esses bichos perigosissimos, para o nosso espanto.

Mas se me lembro bem, ele era magro que doía, só que dizia que tinha uma fórmula que aumentava a força cem vezes, mas que não podia dar para ninguém o tal remédio porque fora presente de um cacique de 3 metros amigo dele, que morava do outro lado da ilha!!


Resgatando algumas brincadeiras antigas:

- Cinco Marias: essa brincadeira constitui em, primeiramente, procurar cinco pedrinhas que tenham tamanho aproximado ou confeccionar saquinhos e recheá-los com arroz ou areia. Primeira rodada: jogue todas as pedrinhas no chão e tire uma delas (normalmente se tira a pedrinha que está mais próxima de outra). Depois, com a mesma mão, jogue-a para o alto e pegue uma das que ficaram no chão. Faça a mesma coisa até pegar todas as pedrinhas. Segunda rodada: jogue as cinco pedrinhas no chão, depois tire uma e jogue-a para o alto, porém, desta vez, pegue duas pedrinhas de uma vez, mais a que foi jogada para o alto. Repita. Terceira rodada: cinco pedrinhas no chão, tira-se uma e joga-se para o alto pegando desta vez três pedrinhas e depois a que foi jogada. Última rodada: joga-se a pedrinha para o alto e pega-se todas as que ficaram no chão.
- Roda: em roda, cantem canções antigas e façam os gestos e representações delas. Lembramos de algumas músicas como atirei o pau no gato, ciranda-cirandinha, a linda rosa juvenil, a galinha do vizinho, a canoa virou, eu entrei na roda, cachorrinho está latindo, o meu chapéu tem três pontas, pai Francisco, pirulito que bate bate, samba lelê, se esta rua fosse minha, serra serra serrador, etc.
- Escravos de Jó: dois participantes cantam a música “escravos de jó, jogavam caxangá, tira, põe, deixa ficar, guerreiros com guerreiros fazem zigue, zigue zá”. Cada um com uma pedrinha na mão vai trocando-as e fazendo o que diz a música.
- Amarelinha: risca-se a amarelinha no chão, de 1 a 10, fazendo no último número um arco para representar o céu. Pula-se com um pé só, dentro de cada quadrado.
- Pião: um pião de madeira enrolado num barbante. Puxa-se a ponta do barbante e este sai rodopiando. A grande diversão é observar o pião rodando.
- Passar anel: os participantes ficam com as mãos juntas e um deles com um anel escondido. A pessoa que está com o anel vai passando suas mãos dentro das mãos dos outros participantes até escolher um deles e deixar o anel cair em suas mãos, sem que os outros percebam. Depois escolhe uma pessoa e pergunta-se “fulano, com quem está o anel?” e a pessoa escolhida deve acertar.
- Pula corda: duas pessoas batem a corda e outra pula. Durante a execução da brincadeira os batedores vão cantando “um dia um homem bateu na minha porta e disse assim: senhora, senhora, põe a mão no chão; senhora, senhora, pule de um pé só; senhora, senhora, dê uma rodadinha e vá pro meio da rua”. Ao final, o pulador deve sair da corda sem errar.




Referências:

1-http://www.brasilescola.com/dia-das-criancas/resgatando-brincadeiras-antigas.htm

Luiz Fernando Verissimo - nossas diferenças...

Tu e Eu




Somos diferentes, tu e eu.
Tens forma e graça
e a sabedoria de só saber crescer
até dar pé.
Eu não sei onde quero chegar
e só sirvo para uma coisa
que não sei qual é!
És de outra pipa
e eu de um cripto.
Tu,lipa
Eu, calipto.
Gostas de um som tempestade
roque lenha
muito heavy
Prefiro o barroco italiano
e dos alemães
o mais leve.
Es vidrada no Lobão
eu sou mais albônico.
Tu,fão.
Eu,fônico.
És suculenta
e selvagem
como uma fruta do trópico
Eu já sequei
e me resignei
como um socialista utópico.
Tu não tens nada de mim
eu não tenho nada teu.
Tu,piniquim.
Eu,ropeu.
Gostas daquelas festas
que começam mal e terminam pior.
Gosto de graves rituais
em que sou pertinente
e, ao mesmo tempo, o prior.
Tu és um corpo e eu um vulto,
és uma miss, eu um místico.
Tu,multo.
Eu,carístico.
Tu e eu
És colorida,
um pouco aérea,
e só pensas em ti.
Sou meio cinzento...
algo rasteiro,
e só penso em Pi.
Somos cada um de um pano 
uma sã e o outro insano.
Tu, cano.    
Eu, clidiano.
Dizes na cara
o que te vem a cabeça
com coragem e ânimo.
Hesito entre duas palavras,
escolho uma terceira 
e no fim digo o sinônimo.
Tu não temes o engano
Enquanto eu cismo.
Tu,tano.         
Eu,femismo.

(Luis Fernando Veríssimo)


Luis Fernando Verissimo (Porto Alegre26 de setembro de 1936) é um escritor brasileiro. Mais conhecido por suas crônicas e textos de humor, mais precisamente de sátiras de costumes, publicados diariamente em vários jornais brasileiros, Verissimo é também cartunista e tradutor, além de roteirista de televisão, autor de teatro e romancista bissexto. Já foi publicitário e revisor de jornal. É ainda músico, tendo tocado saxofone em alguns conjuntos. Com mais de 60 títulos publicados, é um dos mais populares escritores brasileiros contemporâneos. É filho do também escritor Érico Verissimo.1




Diante de tudo isso:

Por que temos que presenciar tantos desafetos...?
Tantas desilusões?  
Tantas falcatruas e imoralidades?
Tanta falta de ética e de humildade?
Tanto deboche e desdenho?
Tantas barbaridades principalmente com crianças?
Tanto desrespeito e falsidade entre irmãos/amigos/amantes? etc..
A humanidade precisa novamente:Recriar consciência...      
Rever padrões de humildade e lealdade; caráter melhor dizendo...
Transmutar sem vergonhismo em caráter e dignidade.
Acreditar que ainda há tempo(não muito) para se corrigir...
Chamar o outro de irmão... estender a mão! 
(Alice Yahweh Baruch)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Genocídio armênio - Fatos que o mundo não pode desconhecer.


Não entregues o peito assim a um tormento
Quando o dia recém nasce e já te espreita
Longe, longe de te deixar num lamento.
Busca do fundo do teu ser o alimento,
Bebe do cálice da vida e aproveita;
Não entregues o peito assim a um tormento. (Francisco Settineri)


Genocídio armênio

Você já ouviu essa história? Há mais de 90 anos, o povo armênio quase foi exterminado pelos turcos. E, até hoje, luta pelo reconhecimento internacional do massacre, que vitimou 1,5 milhão de pessoas

Yuri Vasconcelos | 15/04/2013 15h57
Era 24 de abril de 1915. Na manhã daquele Sábado de Aleluia, em meio às comemorações da Páscoa cristã, cerca de 600 intelectuais, políticos e religiosos da comunidade armênia que viviam no então Império Turco-Otomano, atual Turquia, foram presos sob a acusação de conspiração e traição. 
Com a Primeira Guerra Mundial incendiando o planeta, os turcos, aliados dos alemães, lutavam contra a Tríplice Entente, formada pela Inglaterra, França e Rússia, e acusaram os armênios de apoiar as tropas inimigas. 
Enviados para a prisão de Mehder-Hané, na capital Constantinopla, hoje Istambul, os líderes armênios acabaram sumariamente executados. 
Muitos foram fuzilados e outros enforcados em praça pública. A ação, coordenada pela cúpula do partido governista Ittihad, conhecido como partido dos Jovens Turcos, deu início a uma das piores atrocidades da história da humanidade: o genocídio armênio, um sangrento massacre em que morreram cerca de 1,5 milhão de pessoas. Estima-se que, naquela época, o Império Otomano abrigava por volta de 2 milhões de armênios.
Passados mais de 90 anos da tragédia, muitos historiadores acreditam que o genocídio fez parte de um processo de limpeza étnica, com a intenção de eliminar o povo armênio. Ou seja, uma versão turca do Holocausto, que matou, segundo estimativas, entre 2 e 5 milhões de judeus. Os assassinatos foram meticulosamente planejados por um triunvirato que estava no comando do país, formado por Mehmet Talaat, ministro do Interior e futuro primeiro-ministro turco, Ismail Enver, ministro da Guerra, e Ahmed Jemal, ministro da Marinha. Uma série de telegramas, tornados públicos depois da matança, revelavam detalhes do plano de extermínio.
A estratégia era diversificada, mas a maior parte das vítimas morreu durante longas e penosas jornadas de deportação que tinham como destino o deserto de Der-El-Zor, localizado no território sírio, naquela época parte do Império Otomano. "Os turcos alegavam que os armênios precisavam deixar suas casas por causa do avanço das tropas da Entente e organizavam caravanas de morte, formadas por mulheres, crianças e idosos. 
Muitos levavam a chave de casa, achando que iriam voltar", diz o professor de geopolítica James Onnig Tamdjian, de 39 anos, neto de armênios que sobreviveram ao genocídio. "No meio do caminho, os armênios sofriam abusos. As mulheres eram violentadas, seus filhos raptados e a maioria morria de fome, sede, doença ou frio. Os poucos que chegavam aos campos de concentração tinham poucas chances de sobreviver."
Já os homens morriam assassinados no front de batalha da Primeira Guerra. Se antes eles não podiam nem integrar as forças armadas turcas, agora haviam sido convocados para se alistar no Exército. Só que não podiam pegar em armas.
 "Enquanto cavavam trincheiras, eram executados pelos próprios soldados otomanos. A convocação para o serviço militar foi um pretexto para deixar as aldeias desprotegidas", afirma Tamdjian. Há relatos também de vilas e povoados destruídos, saqueados e incendiados pelas forças turcas e por milícias apoiadas pelo governo central.
E as atrocidades não paravam por aí. "Muitos armênios foram queimados vivos nas aldeias. Outras vezes, a tortura consistia em enterrar a vítima até o pescoço para, logo em seguida, cobrir o rosto com cal virgem ou sal. 
As jovens armênias eram vendidas como escravas e as crianças eram encaixotadas vivas e atiradas no Mar Negro", relata Nubar Kerimian, no livro Massacres de Armênios. "Os padres também eram queimados amarrados em cruzes, como Jesus, e os fetos, arrancados dos ventres das mães, jogados para o ar e aparados na espada."
O genocídio atingiu mais fortemente as comunidades campesinas e de pequenas localidades da Anatólia, a região montanhosa que compreende a porção asiática da Turquia moderna.
Naquela época, a Armênia Oriental, atual território da República da Armênia, era protegida pelos russos, inimigos declarados dos turcos. Nas grandes cidades do Oeste, como Constantinopla, a presença de estrangeiros inibia os massacres, já que o governo otomano tentava esconder da comunidade internacional as atrocidades perpetradas dentro de suas fronteiras. 
Mesmo assim, as notícias sobre os massacres acabaram vazando e chegaram ao conhecimento de governantes de outros países, que condenaram a ação, mas não tomaram medidas para evitar a matança.
O período mais duro do genocídio ocorreu entre 1915 e 1918. Quando a Primeira Guerra Mundial chegou ao fim, os turcos, derrotados, foram forçados a assinar o Tratado de Sèvres, que tornou independente Síria, Egito, Líbano, Palestina e, também, Armênia. 
As escaramuças entre turcos e o povo armênio, no entanto, haviam começado bem antes daquele sábado da Semana Santa. 
Entre 1894 e 1896, quando o Império Otomano encontrava-se em franca desintegração, estima-se que entre 100 mil e 300 mil armênios tenham sido executados. "Em muitas cidades, propriedades armênias eram destruídas. Os assassinatos aconteciam durante o dia, presenciados pela população", diz o historiador Edwin Bliss, autor do livro Turkey and the Armenian Atrocities (A Turquia e as Atrocidades Armênias, inédito no Brasil).
A justificativa para esses massacres, ordenados pelo sultão Abdul-Hamid II, foi uma suposta colaboração armênia com os russos, considerados inimigos do Império. Entre 1877 e 1878, a Rússia entrou em guerra contra os turcos e saiu vitoriosa, conquistando largas porções da Armênia Ocidental que estavam sob domínio otomano. 
Além disso, as autoridades turcas queriam frear o ímpeto separatista dos armênios, que reivindicavam a independência. No final dos anos 1880, o movimento nacionalista ganhou forças e três partidos revolucionários (Armenakan, Hentchakuian e Federação Revolucionária Armênia) foram formados, fazendo com que Abdul-Hamid II, em represália, elevasse os impostos sobre a comunidade armênia.
 "O que fez com que os armênios apoiassem os russos foram as péssimas condições em que viviam no Império, onde eram alvos de agressões e tinham direitos limitados. 
Esse cenário fez com que eles se armassem e formassem milícias para defender suas vilas e aldeias", afirma James Tamdjian.
A terceira e última fase das atrocidades começou em 1920 e estendeu-se por três anos. Depois de desfrutar dois anos de independência (entre 1918 e 1920), a República da Armênia havia sido anexada à nascente União Soviética. 
Desta vez, a violência foi dirigida a armênios que haviam retornado às suas casas na Anatólia Oriental após o final da Primeira Guerra Mundial. As execuções, torturas, expulsões e maus-tratos foram arquitetados e promovidos pelo governo nacionalista de Mustafá Kemal Atatürk, considerado o pai da Turquia moderna. Em 1923, a população armênia na Turquia estava restrita à comunidade existente em Constantinopla.
Embora os armênios tenham sido trucidados pelos turcos, é importante dizer que durante muito tempo esses dois povos viveram em harmonia. A porção de terra conhecida como Armênia Histórica, que hoje engloba a República da Armênia e parte da Anatólia (veja mapa na página ao lado), foi conquistada pelo Império Otomano por volta do ano 1375.
Durante 600 anos, os turco-otomanos formaram um dos mais poderosos impérios do planeta, que, no seu auge, se estendia pelo norte da África (Argélia, Marrocos, Egito), Oriente Médio (Líbano, Arábia Saudita, Jordânia, Síria, Palestina, Pérsia), Rússia e Europa (Grécia, Hungria, Bulgária, Albânia e a região dos Bálcãs, entre outras).
Para manter a unidade e o bom funcionamento do império, parecido com uma colcha de retalhos, tamanho era o número de povos e etnias que abrigava, os governantes adotaram um tolerante sistema chamado de millet, termo turco que quer dizer "comunidade religiosa".
"Cada comunidade religiosa, como a formada pelos cristãos e pelos judeus, gozava de autonomia e funcionava como uma nação não-territorial, participando das trocas econômicas com outras comunidades. Seu líder espiritual era responsável perante ao sultão pelo bom comportamento dos seus", diz o historiador holandês Peter Demant, autor de O Mundo Muçulmano. Os armênios, que desde o século 3 adotavam a religião cristã, formavam um millet. Eles eram considerados bons comerciantes e alguns integravam a elite do Império.
Então, que motivos levaram o governo otomano a tanta violência contra uma minoria que vivia em harmonia dentro do Império? 
A primeira justificativa foram as aspirações pan-turquistas (ou pan-turanistas), o sonho otomano de reconstruir uma poderosa nação integrando os povos de origem turca que viviam espalhados na Ásia Central, especialmente em regiões do Turcomenistão e Azerbaidjão. 
Os armênios, por sua posição geográfica, formavam um enclave bem no meio do caminho. Outra motivação para o genocídio, negada pela Turquia (veja quadro na página 38), foi a causa da independência armênia. Há de se ressaltar que, nesta época, o império já enfrentava a desintegração. Os gregos, por exemplo, já haviam conquistado sua autonomia em 1812. "Os turcos temiam os armênios por sua capacidade intelectual e comercial. Cerca de 60% da atividade econômica do Império estava nas mãos dessa comunidade", diz o historiador Hagop Kechichian, doutor em história armênia pela Universidade de São Paulo (USP).
Além de causar a morte de milhões de pessoas e quase exterminar um povo, o genocídio também provocou uma grande diáspora.
Hoje, além da população de 3,5 milhões de pessoas da República da Armênia, estima-se que cerca de 2,6 milhões de armênios e descendentes vivam na Federação Russa e na República da Geórgia e pouco mais de 2,5 milhões estejam espalhados pelo resto do mundo, principalmente nos Estados Unidos, Canadá, França, Irã, Argentina, Líbano, Síria e Austrália. No Brasil, a comunidade armênia tem em torno de 60 a 70 mil pessoas. Não importa onde estejam, a luta dos armênios hoje é uma só: o reconhecimento do genocídio pelo mundo.
"Minha família viveu na Armênia Ocidental e fez parte das caravanas de deportados. Meu bisavô materno, antes de escapar para a Síria, presenciou o fuzilamento de três irmãos e do pai. Sua mãe cometeu suicídio. Eles começaram a chegar na América do Sul em 1923. Nós perdemos tudo e tivemos de recomeçar do zero."
Garbis Bogiatzian, 23 anos, nascido em São Paulo
"Minha irmã mais velha morreu de frio durante a fuga da minha famíla para o Líbano. Lembro-me de meus pais contando histórias terríveis, de pessoas sendo degoladas e de mulheres grávidas apunhaladas por policiais turcos que arrancavam seus filhos do ventre. Me recordo de um episódio em que, tentando escapar, alguns conterrâneos entraram numa igreja e foram barbaramente incendiados."
Arusiak Nersissian, 78 anos, nascida em Beirute, Líbano
"Durante o genocídio, meu pai foi separado dos meus avós e enviado para um orfanato. Lá, sofreu abusos. Quando ficou mais velho, fugiu para a Romênia. Depois, para o Líbano. No Brasil, chegou no final dos anos 20. Ele não falava a língua e não conhecia ninguém. Integro o Conselho Nacional Armênio, entidade internacional que luta pelo reconhecimento das atrocidades contra meu povo."
Simão Kerimian, 59 anos, nascido em Bela Vista (MS)
 Genocídio armênio, (em armênio: Հայոց Ցեղասպանութիւն, transl. Hayots tseghaspanut'iun), holocausto armênio ou ainda omassacre dos armênios é como é chamada a matança e deportação forçada de centenas de milhares ou até mais de um milhão de pessoas de origem armênia que viviam no Império Otomano, com a intenção de exterminar sua presença cultural, sua vida econômica e seu ambiente familiar, durante o governo dos chamados Jovens Turcos, de 1915 a 1917.4
Caracterizou-se pela sua brutalidade nos massacres e pela utilização de marchas forçadas com deportações, que geralmente levava a morte a muitos dos deportados. Outros grupos étnicos também foram massacrados pelo Império Otomano durante esse período, entre eles os assírios e os gregos de Ponto. Alguns historiadores consideram que esses atos são parte da mesma política de extermínio.5
Está firmemente estabelecido que foi um genocídio, e há evidências do plano organizado e intentado de eliminar sistematicamente os armênios. É o segundo mais estudado evento desse tipo, depois do Holocausto dos judeus na Segunda Guerra Mundial. Vários estudiosos afirmam que, em 1939 nas vésperas da invasão da PolôniaHitler teria pronunciado a seguinte frase:6
Adota-se a data de 24 de abril de 1915 como início do massacre, por ter sido o dia em que dezenas de lideranças armênias foram presas e massacradas em Istambul.
O governo turco rejeita o termo genocídio organizado e nega que as mortes tenham sido intencionais. Quase cem anos depois, ainda persiste a polêmica.7

Versão turca

A Turquia admite que houve uma "terrível mortalidade" entre os armênios, mas nega o genocídio
No mesmo momento em que se esforça para ingressar na União Européia, a Turquia sofre pressão para reconhecer as atrocidades cometidas contra o povo armênio. Passados 90 anos da tragédia, o genocídio só é reconhecido pela França, Austrália, Argentina, Suécia, Itália, Chipre, Grécia e Uruguai e por organizações internacionais como o Parlamento Europeu, a Comissão de Direitos Humanos da ONU e o Conselho Ecumênico das Igrejas. Os armênios, no entanto, não contam com o apoio oficial dos Estados Unidos, que têm na Turquia o seu mais forte aliado no mundo muçulmano. O país desempenha um relevante papel no xadrez político global e abriga bases da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). O governo turco nega que tenha ocorrido um genocídio, apesar de reconhecer que "os armênios sofreram, sim, uma terrível mortalidade", e afirma que agiu para garantir a soberania nacional. O país diz ainda que o número de mortos alegados pelos historiadores é exagerado. "Estudos demográficos provam que antes da Primeira Guerr Mundial menos de 1,5 milhão de armênios viviam em todo Império Otomano. Portanto, alegações de que mais do que 1,5 milhão de armênios da Anatólia Oriental morreram só podem ser falsas", afirma o Ministério das Relações Exteriores da Turquia. "Se por um lado, existe um imenso e profundo volume de conhecimento sobre o holocausto, por outro, grande parte da história do crepúsculo do Império Otomano ainda não foi contada, faltando detalhamento para que conclusões possam ser tiradas sobre o que realmente aconteceu."

O mapa da morte

A carnificina espalhou-se pelo Império Otomano
Monte ararat
O símbolo nacional dos armênios, local em que os cristãos acreditam ter ancorado a arca de Noé depois do dilúvio, fica agora em território turco. Da capital armênia Yerevan, onde moram 1,2 milhão de pessoas, é possível avistá-lo.
Rota da morte
O destino final das deportações era o deserto de Der-El-Zor, hoje Síria e na época parte do Império Otomano. Estima-se que dos 500 mil armênios deportados, apenas 90 mil tenham sobrevivido.




Referências:
1-http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/genocidio-armenio-434250.shtml?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium
2-http://pt.wikipedia.org/wiki/Genoc%C3%ADdio_arm%C3%AAnio

A vida segue seu fluxo ... Nada muda sem que você não permita!

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Que lugar é esse ? One club of The chess... greast ...