sexta-feira, 22 de junho de 2012

Benzeduras : Olho gordo...vento virado ... erizipela ... parto demorado etc...



"Há mais mistérios entre o céu e a terra , do que supõe nossa vã filosofia".
   



Peladura
   
“Santa Sofia tinha três filha.
Urna fiava, outra cozia.
Outra em chama de logo ardia.
O que eu vou fazer meu senhor?
Com sopro, com cuspe e com bafo.
Com isso mesmo se curaria.
Em nome de Deus e da Virgem Maria.
Todas as forças que assopram.
Todas as força que apagam.
Todas as Forças é Jesus quem tira.
Com as forças divinas.
Jesus tira o logo dessa zipra.
E zipela e zipelão.
Cortando o pé, cortando a cabeça.
Cortando a mão.
Não cresça, não enverdeça e nem lavre.
No corpo dessa criatura.
Com nome de Deus e da Virgem Maria.
Que isso não termina.
Que se acabe.
Com Deus todo Poderoso.”



Bicheira

"Anda cá, anda cá,
que o bicho vai morrer!...
- Eu te talho e retalho,
Aranha, aranhão,
cobra, cobrão,
bicho de toda nação...
Em louvor de S. Silvestre,
que quanto faço
tudo te preste;
que vais para trás
e pr'adiantenão..."


Domínio Público
Depoimento: “Vozes da Lagoa”. Ourofino, Bebel e Borges, Elaine





Arruda
Apesar de ter aplicação na medicina natural e até na preparação de bebidas, a arruda ficou famosa mesmo pelos seus "poderes" contra o mau-olhado e outras vibrações negativas.
Não é fácil determinar quando surgiu a fama da arruda (Ruta graveolens) como erva protetora. O que se sabe é que em culturas muito antigas, são encontradas referências sobre seus poderes contra as "más vibrações" e seu uso na magia e religião. Na Grécia antiga, ela era usada para tratar diversas enfermidades, mas seu ponto forte era mesmo contra as forças do mal. Já as experientes mulheres romanas costumavam andar pelas ruas sempre carregando um ramo de arruda na mão - diziam que era para se defenderem contra doenças contagiosas mas, principalmente, para afastar todos os males que iam além do corpo físico (e aí se incluíam as feitiçarias, mau-olhado, sortilégios, etc.).
  A Mãe, ainda nova, sem experiência... chegava lá em casa desesperada, não encontrara meu padrinho na cidade, (estava pra Salvador ), fazendo compras pra Farmácia, e manipulações para todos os tipos de males.
   E quase chorando trazia uma criança no colo ardendo em febre, já com os olhos virados e estatalados, sem força nem para chorar...o farmacêutico seu Miroca, se estivesse aqui, já teria dado um remédio pra criança,   enquanto isso, era minha mãe que resolvia os problemas mais comuns de saúde, como: Vento-virado , mau olhado , cobreiro , parto-demorado, bicho-de-pé, febre , sarampo , e mais outros males que apareciam de uma hora pra outra, e nem mesmo o doutor do Hospital Central, conhecia remédio bom.  Muitas vezes, ele passava um medicamento, e meu padrinho, ou minha mãe davam lá seus pitacos...ou trocavam na farmácia por outro medicamento.
  Tinha noites que já tarde chamavam minha mãe, porque a parteira não conseguia trazer a criança ao mundo, e a mãe também não tinha forças para realizar o parto. Ouvi dizer que minha mãe, fazia uma oração forte , e o menino era cuspido do ventre, e a mãe , nem sentia dor nenhuma, também passava umas ervas que eram para reduzir a hemorragia.
  Dona Nina ou Dina, se levantava durante a noite, pegava seu lampião, laçava a égua e, saía pela estrada afora atrás de algum homem - o pai ou o avô do que iria nascer...e, chegava no lugar depois de vários minutos de caminhada no galope da mula, para ajudar no parto.
  Nessas horas me recordo das grandes parteiras do Nordeste, que nunca ficavam mais do que dois dias sem fazer partos, no alto da madrugada, elas pegavam seu candeeiro... suas tolhas, tesoura, ervas, e lá iam desbravando sertão, para promover o nascimento de um candongo.
  Meu padrinho também era parteiro, mas quando não conseguia fazer o serviço, mandava buscar a cumadre Nina , para trabalhar com ele.
  No outro dia, recebíamos: laranjas, mandiocas, bananas-d´água, gerimun , batata doce, farinha , e toda qualidade de frutas.
  Quando a pessoa era muito simplizinha, e nada tinha; vinha oferecendo uma menina sua para trabalhar em casa, ou trazia um amarrado de feixe de lenha, ou mandava potes novos, de barro, moringas, etc...
   E, tínhamos que receber o presente, porque se não achavam que estávamos fazendo pouca conta deles.
  Haviam aquelas situações mais delicadas, em que ela atuava também , mas não gostava, e dizia que era porque a mulher não se precaveu, fazendo uma ducha quente de ervas após o caso feito. Claro que a menina Alicinha, sempre queria saber que caso era esse... e levava uns foras! que sabia pelos cantos resmungando...mas nem a Nita nessa hora vinha a meu favor. Só dizia - perde essa mania de fazer perguntas difícel. 

                      
 O Benzimento


Segundo o dicionário, a palavra benzer vem de fazer a cruz. E é com esse símbolo que a maioria dos benzimentos tem início.

Na cultura popular, corpo e espírito não se separam, tampouco desliga-se o homem do cosmos, ou a vida da religião. Para todos os males que atingem o corpo e a alma do homem sempre há uma reza para curar. É por isso que, apesar do tempo e dos avanços da medicina, a tradição dos benzedores ainda persiste na nossa moderna sociedade capitalista.

Acreditando ou não no poder da reza, tem sempre aqueles que procuram, nas rezas e nas benzeções, uma cura para a sua doença ou um alívio para a sua dor.

(Rezas, Crenças, Simpatias e Benzeções: costumes e tradições do ritual de cura pela fé - Vanda Cunha Albieri Nery -Centro Universitário do Triângulo – Uberlândia/MG)


CONTRA QUEBRANTO



Quando uma pessoa anda deprimida, mole ou cansada, diz-se que, lhe deitaram mau olhado. O mau olhado ou o quebranto, ambos muito parecidos, atingem pessoas, animais ou coisas, facilmente.

Pegar um copo com água, um galho de arruda, molhar o galho e ir benzendo, ao final; colocar o galho dentro do copo, se afundar, estava cheio de quebranto ir ao portão da rua, vira-se de costas e joga por cima dos ombros de quem se está benzendo, isso com a pessoa de costa para rua.



Obs.: Enquanto está benzendo dizer:



“Mal do ar, mal do mar, mal do fogo, mal da lua, mal das estrelas, mal do ponto do meio dia, mal do ponto da meia noite. Se tiveres co quebranto, mau olhado, feitiçaria e bruxaria, em nome de Deus e da Virgem Maria, seja levado paras ondas do mar sagrado, onde não canta o galo nem a galinha e nem tem criancinha chorando e nem cristão batizado. Depois rezar um Pai Nosso e uma Ave Maria.”

  COM GALHO DE ARRUDA CONTRA MAU OLHADO E FEITIÇARIA



Dizer: Deus te fez, Deus te criou. Deus tire o mal que no teu corpo entrou. Em louvor de São Pedro e São Paulo, que tire esse mau olhado, inveja ou feitiçaria.

Assim como Deus fez o mar sagrado, assim ele te tire este mau olhado ou olho grande. Assim como Nosso Senhor foi nascido em Belém, e crucificado em Jerusalém, assim se vá o mal desta criatura se por acaso o tem. “Essa benzedura, deve ser realizada com um copo com água, ir molhando o galho de arruda dentro do copo e ir fazendo em cruz da cabeça aos pés”. No final, devemos jogar fora água e o galho de arruda, do portão para fora da casa. Repetir por três dias seguidos.

PROGRAMA TRANSMUTANDO 08/06/11, as 21h, na www.radiotoquesdearuanda.com.br sobre o benzimento!!!

Lei Municipal reconhece benzedeiras do Triunfo. Foto de Rede Puxirão de Povos e Comunidades Tradicionais no Flickr de Cultura Viva (CC BY-SA 2.0)


Num processo de continua luta e organização social das benzedeiras articuladas no Movimento Aprendizes da Sabedoria (MASA) em 22/02/2012 o Presidente da Câmara Municipal de São João do Triunfo promulgou a lei municipal nº 1.370/11, a qual reconhece a identidade coletiva das benzedeiras de Triunfo, regulariza o livre acesso as plantas medicinais por parte dos detentores de ofícios tradicionais de cura e propõe a construção de política municipal especifica de acolhimento das práticas tradicionais de cura nos sistema formal de saúde.

Sejam as curas reais ou fruto de efeito placebo, o ato de curar por meios não tradicionais é visto como um patrimônio imaterial da cultura brasileira pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ligado ao Ministério da Cultura. Além de trazer conforto espiritual, os curandeiros e benzedeiras do Brasil inspiram artistas, como o escritor Sinval Santos da Silveira, que narra a história e o segredo de uma benzedeira que mora em uma casinha de muito simples, sem luz elétrica nem água tratada:

Mulher de idade avançada, magrinha, mal alimentada,
e de um coração cheio de bondade…
Sobre uma pequena mesa, a imagem da Santa, em
quem deposita sua fé e a sua vida.
Benze, em nome da Santinha, curando torcicolo, arca
caida, dor de dente, dor nas costas, dor de olhos, de
garganta, de cabeça, mal olhado, inveja, etc.
Seus pacientes ou clientes, pelo trabalho milagroso,
nada pagam, nada devem.
O prazer de poder ajudar alguém, que lhe procura,
está acima de qualquer outro valor.
Só agora entendo, que o poder de cura daquela mulher,
sempre residiu numa única coisa, que tinha em excesso,
em sua humilde casinha: muito amor…

   O mundo não seria o que é hoje, se não houvessem pessoas determinadas a curar , os irmãos de caminhada, nesse caso podemos citar: Ana Nery , Florence Nightingale , Louis Pasteur , Sabin , as anônimas parteiras do sertão e as da cidade, dona Dina , e seu Alcides Magalhães. entre outros.


Postagem em Homenagem a essas pessoas.. e às inúmeras lotadas nos Hospitais: Enfermeira(o)s , médicos , psicólogos , fisioterapeutas , técnicos e auxiliares de Enfermagem etc... que abdicaram de suas próprias vidas em favor de outras tantas, sem muitas vezes receberem sequer um "Muito Obrigada"..


Colaboradora : Paula Góes - Mãos que curam , palavras que salvam.




Como não poderia deixar de ser ; a minha singela homenagem também a Luiz Gonzaga e seu xote da parteira.


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Viva São João ... São Pedro e Santo Antonio.


Postado por baruchess@gmail.com






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8 comentários:

  1. O tempo deixa perguntas, mostra respostas,
    esclarece dúvidas mas, acima de tudo,
    o tempo traz verdades.

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  2. Respostas
    1. Olá Waleria... Seja bem vinda...
      Obgadu pela visita.... e leia outras posts... De onde és!?

      Abçs....Namastê...

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  3. Tempo em q eu tinha meus avós e me resavam para me livrar de todo mal olhando..logico q o homem nao tem o poder de livrar ninguem mas o nome de Deus é forte e a fé faz a diferença...eu creio q onde há o nome de Deus tudo muda.

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  4. Adoro orações,e poder ajudar,sou muito nova ainda mas gostaria muito de aprender a benzer,e sei que tenho o dom,mas os antigos da minha cidade não me ensinam,e meu avô morreu sem me ensinar as suas orações, admiro constantemente quem cura e ajuda por orações e principalmente a quem não tem condições de pagar caro por tratamentos.

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  5. No meu passado tinha uma vizinha que era benzedeira, meu pai estava com um problema com o seu Jeep, que não conseguia solucionar, eu lembro que esta vizinha veio fez uma oração, foi o suficiente, quando meu pai deu partida o Jeep funcionou de imediato como se nada tivesse ocorrido.
    beijos...

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Obrigada pela presença, caso queira deixe seu comentário.

Até a próxima postagem! ABRAÇOS FRATERNOS ...

A vida segue seu fluxo ... Nada muda sem que você não permita!

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Que lugar é esse ? One club of The chess... greast ...