quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Por que vivemos... por quem morreríamos?...

... E se o nada estiver presente ... muito mais do que o tudo?






- Nita?:

- Fala Alicinha...

- Por que perdemos tanto tempo aprendendo a amar, e quando aprendemos não temos em quem treinar?.

- Mas pode uma pergunta dessas?... disse Cristina - chegando e ouvindo o final da conversa..

- Sei não... Licinha... Acho que é porque o amor não existe! 

- Verdade... você pensa assim mesmo??

E, a Cristina morta de vontade de se meter no assunto... ficava a dar pitaco... 

- Vocês tão é jogando assunto fora...

- O amor existe! 
  É uma flor roxa , que nasce no coração dos trouxa... Uahsuahsuah ...... e, lá ia ela , toda rebolando a olhar a lua, e sonhar com alguém que a amasse... também, mas que fosse lindo! ... branco ... alto ... olhos claros... e rico!!!  Tipo Geovanni Enzo.

Desde o dia em que o italiano esteve aqui em casa, a Cristina passou a desejar alguém como ele... 

- Não precisa ser mais novo ... Podia ter lá seus 60 anos... num importava a idade... disse ela se confidenciando um dia à irmã... Mas bem que ele devia mesmo era ter levado ela pra Itália... claro!!! que ela iria de todo o agrado, e , se a Nina num deixasse eu fugia.... e entrava escondido naquele navio que ele veio!!!

Sonhos de adolescente... São coisas sérias demais pra não darmos importância...

Sonhos de menina-moça... são castelos de areia ... que ruem...e não deixam sequer a planta!

Sonhos são azuis , amarelos, vermelhos , cinzas , na maioria das vezes...têm gosto de algodão doce.

Sonhos... são pensamentos que elas deixam aflorar ...e murmuram baixinho: Um dia ainda chego lá!!

Mas enquanto o dia "d" não chegava - restava-nos fazer os trabalhos rudes...

É; porque agora a Alicinha - tinha também suas obrigações quando chegava da escola...

Agora ela lavava banheiro...

Remendava as roupas rasgadas da casa ... as meias...

Cortava tirinhas de pano e fazia tapetes...

Plantava grama em volta das árvores...

Pintava o portão...

Varria a casa... e sabia fazer comida simples...

Era pouca coisa que fazia , mas o suficiente para ocupar a cabeça, e parar de suspirar por Wanderley Cardoso e outros...

Sua mãe - era a que menos tinha tarefas em casa, pois segundo ela quem dá o pão , dá o castigo e os deveres aos demais, ou melhor dizendo: as demais (mulheres) porque os homens nada faziam ... além de estudar ... e falar na rádio.

E, assim , percebia-se nitidamente, embora não soubéssemos ainda, (que os homens tinham uma certa regalia).. percebíamos que eram privilegiados.

Enquanto nós, as mulhereszinhas , que tínhamos os afazeres mais chatos, assim dizendo... porque íamos cedinho a rua comprar o pão... e o leite.

Colocar a chaleira no fogão... Preparar a mesa do café...

Acordar os demais, ou esperar que lentamente acordassem, e viessem a sentar-se...

Depois tirávamos a mesa... e, já íamos pensar no almoço ... e nos demais serviços da casa...

Ali naquela época, os direitos das mulheres, ainda não estavam incorporados no saber dos homens, nem da minha mãe... Ela era a maior desapoiadora da emancipação feminina, e, quando lhe disse que iria fazer faculdade, ou algo assim desdenhou - dizendo: 

-Pra que? Depois arranja um macho .. se casa , e ele não vai te deixar trabalhar mais.. e, ai perdeste o tempo em estudos que não servirão de nada!!!

Odiei aquilo: Comigo não seria assim... e com apenas 13 anos - tive que travar uma batalha de ideologia , com quem eu pensava que iria me encaminhar ao pódium ... e, perguntei-lhe então : 

- Por que você saiu então da sua terra? Poderia ter se casado por lá mesmo com algum fazendeiro ou filho... e, não precisava correr riscos desnecessários longe ...no Rio de Janeiro, da década de 50!!

Eu sabia, por ela mesmo, que a senhora que a trouxera pra cidade grande - e , que era bem de vida ... era uma meretriz! Dona de casa de permanência. Mais conhecido como puteiro...

E , ela teve que fugir dali ... após dois meses , sem conseguir emprego , ouviu da mulher que teria que se arrumar com os homens - porque não tava ajudando na manutenção da casa...

A cena foi chocante para nossas cabecinhas.. ver que a  tal mulher colocou-a com a mala na cabeça... num dia chuvoso (aos 21 anos de idade) sem experiência alguma numa cidade desconhecida, e longe de parentes , ou amigos... sem era nem beira... e ela teve que passar um dia inteiro sem ter pra onde ir ,sentada num banco de jardim , do Campo de Santanna... em oração - clamando a Deus que lhe mostrasse um meio de sobreviver , porque  nem dinheiro tinha para voltar para o interior...

Por isso - não conseguíamos nos conformarmos , quando a víamos protegendo os homens, e não nos suprimindo de força e coragem para batalhar pela emancipação - que era a bandeira de época - dos anos dourados!!! A revolução feminina , e queima dos soutiens.

Assim, teríamos que vencer por nossa própria cabeça... tentando não ser molestada por pensamentos de desordem, e por deslizes... tão próprios de quem ainda não tinha um direcionamento, nem um apoio sequer. 

Pensava: Se meu pai fosse vivo, talvez tudo poderia ser melhor, ou pelo menos diferente...



      Será que era proibido naquela época sonhar? Que mal haveria nisso ??




Os sonhos de menina - seriam atropelados pelos desenganos do adultos? pelas decepções ?




E, se não tivéssemos com quem dividir nossos sonhos? e, se pior do que isso - nos fosse tirado o direito de sequer sonharmos?




Teríamos que nos refugiarmos, ou tornarmos fugitivas , ou acompanhar o primeiro que demonstrasse querer nos acompanhar em qualquer aventura, que a vida nos colocasse as mãos? E, se não fosse ele - o cara?


                       E aonde morava os seres benfeitores que nos contavam que existiam? 
                                                    Aonde deveríamos encontrá-los?



Mas qual seria a real forma humana , desse protetor... santo ou qual fosse o nome que o daríamos. 



A quem poderia eu recorrer? Qual o nome poderia chamar? será que alguém viria a meu socorro??



A cada degrau atingido , haverá um que me coloque mais alto... e, aonde , e qual a hora de parar? ou de prosseguir....mas já sabia, de antemão... sempre deveria prosseguir...



...E, quanto ao tal Príncipe Encantado, que nos falavam desde pequenininhas? Quem seria ele???


                                                  
...E, quando surgissem os tropeços, e as dificuldades? a quem recorreríamos???



... E , se de certo , o tal companheiro , na realidade, só estivesse por passatempo, e logo pegasse o seu caminho de volta à casa...ao Japão , ou outro mundo ...e, se nos largassémos???



...E, se o medo e os pensamentos escuros, nos invadissem a alma... e nos jogassem num mar de mofo e numa penumbra sem luz no final do túnel??? Ah ?


... E, se todos nos virassem as costas... até mesmos nossos amigos? parentes ?? etc ???




Teríamos a qualquer custo... e a todo momento que defender nosso território, custasse o que custasse!!! com as armas que tivéssemos às mãos...



... E, se além de tudo , não tivéssemos a quem pedirmos um SOS , alguma sabedoria???




                               O que pediríamos, se alguém nos dissesse: Peça e receberás?



                    Como formar e, educar àquele que vindo de nós ... não seria um de nós???




Como velejar , num Oceano desconhecido ... sem leme ... nem sequer uma bússola, a nos guiar...


Não! não nos pegariam no colo... muito menos nos levaria para suas casas , e nos acalentariam como fazem com áqueles a quem se ama... Ninguém até então nos amou!


Lamentavelmente constataríamos que estivemos sós o tempo todo... desde que nascemos... desde que a vida nos deixou crescer... Sós ... sós ... sós... sem alento ... sem rumo!!!



Apesar de que sempre tentamos agradar aos outros... ninguém se agradaria até então de nós...


Reinvidicaríamos por nossos direitos... respeito e carinho...mas como se fosse o fim do mundo - não teríamos eco.. ninguém na linha .. nem um alô!!!


... E, assim veríamos chegar ao fim de uma existência nula: vazia ... incompleta e cheia de incompletude... uma existência sem elos ... sem vínculos , e.... sem amor!!!




  Boa Noite.






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